Ricardo Salles sai do Ministério do Meio Ambiente

Entidades e ex-ministro comemoram a saída de Ricardo Salles do comando do Meio Ambiente
Demissão foi pedida nesta quarta-feira, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro. À frente do Meio Ambiente há mais de dois anos disse ter respeitado as orientações de manter equilíbrio entre desenvolvimento econômico e cuidado com o meio ambiente. Quem assumiu a pasta foi Joaquim Álvaro Pereira Leite.
Muito conhecido no meio ruralista, integrou a Sociedade Rural Brasileira por 23 anos, tendo ocupado diversos cargos diretivos na entidade. Antes de integrar a secretaria da Amazônia, atuou também como Secretário de Florestas e Desenvolvimento Sustentável no próprio Ministério do Meio Ambiente. O novo ministro tem formação em administração de empresas pela Universidade de Marília (Unimar) e MBA pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).
Entidades e ex-ministro comemoram a saída de Ricardo Salles do comando do Meio Ambiente

A WWF afirmou que o governo troca “seis por meia dúzia”. A ONG afirma que Álvaro Pereira chegou ao governo em 2019 a promessa de atrair recursos para a área ambiental, por meio de programas de Pagamento por Serviços Ambientais e venda de créditos de carbono por desmatamento evitado.
Carlos Minc, ex-ministro do Meio Ambiente, avalia que Salles “foi tarde”, mas que seu afastamento do ministério não é suficiente. “Há que tomar medidas como desatar braços do Ibama e do ICMBio, destravar o Fundo Amazônia, retirar garimpeiros ilegais de terras indígenas e combater as queimadas e o desmatamento, que aumentarão com a estação seca”.
Para Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, Salles só deixará saudades para “os madeireiros ilegais, grileiros e destruidores da floresta”.
O Greenpeace afirmou que o país não poderia ter mais à frente o Ministério do Meio Ambiente alguém que, “de forma intencional e deliberada, agia contra a própria pasta e estava trazendo grandes danos ao país”. A ONG acredita que a estratégia do governo para a agenda ambiental não deve mudar acham que o governo vai seguir tentando avançar na desregulamentação da proteção ambiental e dos povos indígenas.
Segundo O Eco, nos bastidores e nas redes sociais circulam duas hipóteses principais sobre a saída às pressas de Salles do Ministério. A primeira aponta que a demissão de Ricardo Salles seria consequência do avanço das investigações contra o ministro, que teria produzido “uma leva de novas provas” que poderia atingir o presidente, Bolsonaro, que teria sido alertado sobre o risco.
A outra hipótese é de que a exoneração de Salles foi uma cortina de fumaça para o escândalo da compra superfaturada da Covaxin, vacina produzida na Índia, pelo governo que veio à tona recentemente e que pode respingar em Bolsonaro, já que a denúncia é de que o presidente estaria ciente do caso.
Na véspera de sua demissão, Bolsonaro elogiava Salles em evento, como se não houvesse expectativa da saída do mesmo. “Prezado Ricardo Salles, você faz parte dessa história. O casamento da Agricultura com o Meio Ambiente foi quase perfeito. Parabéns, Ricardo Salles. Não é fácil ocupar o seu ministério. Por vezes, a herança é apenas uma penca de processos. A gente lamenta como somos tratados por alguns poucos desse outro poder que é muito importante para todos nós”, disse Bolsonaro.