Paleo & Arqueologia

Conheça o rosto de Gufan, o paranaense de dois mil anos

A ossada do indígena foi descoberta durante uma escavação em 1954 e sua reconstrução facial impressionante revelou detalhes sobre o povo que habitou a região no passado

Em 1954, uma escavação feita no sítio arqueológico localizado em Prudentópolis, no Paraná, revelou uma ossada extremamente antiga. Na época, durante a pesquisa feita na paleo-aldeia em Estirão Comprido, dois pesquisadores fizeram uma descoberta importante.
Oldemar Blasi e Fernando Altenfelder Silva foram pioneiros na arqueologia paranaense e, inclusive, brasileira, como relatou a Gazeta do Povo. Ao longo dos anos, outros restos mortais também foram encontrados durante trabalhos feitos no município.
Mas aquele primeiro esqueleto acabou se tornando a estrela do sítio arqueológico. Hoje, ele está no Museu Paranaense, é conhecido como Gufan e foi protagonista de uma exposição de realidade virtual que apresentava sua face em uma reconstrução facial em 3D.
Foi a partir do crânio descoberto durante a escavação durante a década de 50 e muito conhecimento arqueológico obtido por meio de mais de 60 anos de pesquisa que o designer Cícero Moraes, especializado em reconstrução facial forense, conseguiu dar rosto à figura que viveu há mais de dois mil anos.

Crânio de Gufan e início do processo da reconstrução facial (Foto: Cícero Moraes)

Importantes dados como ancestralidade, etnia, faixa etária, sexo, imagens dos restos mortais em vários ângulos, entre outras, foram colhidas por Claudia Inês Parellada, parte do Setor de Arqueologia do Museu Paranaense e uma das mentoras da iniciativa.
Em 2017, quando a instituição estava dando luz ao projeto, em parceria com as empresas Beenoculus e Azuris, a pesquisadora brincou:
“Estamos revivendo a face desse homem que morreu dois mil anos atrás. Não é uma máquina do tempo, mas estamos quase lá”.

A reconstrução facial
Moraes
pôde dar rosto a Gufan, o paranaense de dois mil anos, por meio da fotogrametria, uma técnica que consegue informações por meio de imagens, neste caso, as do crânio que foi escavado no Paraná. Ele também usou programas de escaneamento 3D de fotografias.
“A partir deste crânio, nós fizemos uma reconstrução utilizando duas tecnologias”, explica o designer. “Uma estatística, que são alturas em determinadas regiões do rosto que foram levantadas em cima de seres humanos vivos e da ancestralidade compatível com o Gufan e, por outro lado, nós fizemos uma modelagem anatômica”, completa.
Com a reconstrução facial, foi possível observar pela primeira vez o rosto de uma pessoa que viveu no território que ainda viria a ser o Paraná. Ele é ancestral das duas maiores etnias do estado, os Kaingang e os Xokleng, e é um homem Proto-Jê.

Processo da reconstrução facial de Gufan (Foto: Cícero Moraes)

Gufan morava em regiões que contavam com o pinheiro Araucária e fazia parte de um povo ceramista e agricultor, via G1. Os indígenas ainda eram donos de uma engenharia capaz de desenvolver construções subterrâneas e geralmente pescavam.
No entanto, a alimentação não contava com muita proteína animal; na verdade, eles comiam muito mais grãos e vegetais, visto que cultivavam erva-mate, abóbora, pinhão e milho. Além disso, também produziam hidromel.
A partir das análises feitas no esqueleto encontrado na região, os pesquisadores puderam chegar à conclusão de que o paranaense de dois mil anos provavelmente morreu entre os seus 20 e 30 anos após uma picada de cobra ou depois de ter comido um alimento estragado.

Fonte: Aventuras na História

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