Emergência climática eleva ansiedade e freia desejo de jovens brasileiros por filhos

Para quase metade dos jovens brasileiros os impactos das mudanças climáticas e como apocalípticas possibilidades ambientais do futuro causam hesitação em relação ao desejo ou ao planejamento de terem filhos. Esse é um dos muitos dados que uma pesquisa financiada pela plataforma Avaaz e realizada em parceria com diversas instituições de ensino de todo o mundo revelou: o índice no Brasil de 48% de jovens que afirmaram ter dúvidas sobre filhos por conta da emergência climática, é o mais alto entre todos os países participantes do estudo, e consideravelmente acima da média mundial, registrada em 39%.
Intitulada “Vozes dos jovens sobre ansiedade climática, traição governamental e dano moral: um fenômeno global”, uma pesquisa contou com a participação de 10 mil pessoas entre 16 e 25 anos, e tratou do tema ambiental também em seu sentido político. O mesmo temor ambiental faz com que 42% dos jovens australianos hesitem em ter filhos: no Reino Unido o índice é de 38% e, nos EUA, de 36%.

Além do Brasil, participaram da pesquisa Austrália, Estados Unidos, Reino Unido, Índia, Nigéria, Filipinas, Finlândia, Portugal e França, para um cálculo em larga escala das diversas ansiedades ambientais entre os jovens. E os números não deixam dúvidas sobre o impacto emocional do já grave quadro concreto ecológico: segundo o estudo, 75% dos jovens veem o futuro como assustador, 65% acreditam que os governos estão fracassando no combate ao aquecimento global, 83% afirmam que a humanidade não cuida do planeta, 55% acreditam que terão menos oportunidades que seus pais — além dos já citados 39% que afirmaram não ter certeza se terão filhos.
Para além da ampla ansiedade sobre o tema, outros dados específicos dos jovens brasileiros demonstram uma gravidade da situação: 79% dos jovens do Brasil acreditam que o governo falha com eles, 92% acreditam que a humanidade falhou no cuidado do planeta, e 86% pensam que o futuro é uma ideia assustadora. “O estresse psicológico que afeta a saúde e o bem-estar pode ser interpretado como moralmente prejudicial e injusto. É urgente ampliar as pesquisas e também a capacidade de resposta governamental”, diz o texto da pesquisa, realizada pela Avaaz junto de pesquisas de instituições como a NYU, Stanford, Oxford e mais — e publicada na revista científica Lancet.
Fonte: Hypeness