Educação

Único brasileiro indicado ao ‘Nobel da Educação’ trabalha a matemática como ferramenta social

Professor Greiton Toledo é o representante do País no Global Teacher Prize 2021. Suas aulas de matemáticas colocam os alunos como agentes transformadores

Greiton Toledo de Azevedo é oriundo de escola e universidade públicas e foi o único brasileiro entre os 50 professores finalistas — de oito mil inscritos de 121 países — do Global Teacher Prize 2021, considerado o ‘Nobel da Educação’ e cujo vencedor receberá nada menos que um milhão de dólares. Professor há 11 anos, Greiton leciona matemática no Instituto Federal Goiano (IF Goiano) em Ipameri, no sudeste de Goiás, e faz de suas aulas uma grande experiência ao mesclar diferentes áreas do conhecimento em prol de uma causa social. Ele ensina a matemática não a partir do conteúdo, mas do desenvolvimento de habilidades e competências da matemática.
No intitulado projeto Mattics, que o fez chegar aos 50 finalistas, o professor une matemática e robótica para a construção de jogos de baixo custo que auxiliam nos sintomas de pessoas com Parkinson, estimulando a coordenação motora, o equilíbrio e a concentração. Com isso, os alunos são instigados a se colocarem como cientistas. Além disso, os dispositivos construídos são levados pelos próprios estudantes a hospitais parceiros para a interação com os pacientes.

Sem um dono do conhecimento
A saber, entre as primeiras etapas do projeto está a de ouvir médicos e enfermeiros para os alunos compreenderem o tipo de jogo que precisa ser criado. “Temos mais de 50 profissionais parceiros, dentre engenheiros, fisioterapeutas e fonoaudiólogos”. Greiton reforça que o professor é um mediador e faz com que os conteúdos conversem entre si, ou seja, é compreender que lecionar não é ter controle de tudo e ter que saber de tudo. “Claro que o professor tem mais experiência e precisa mediar, mas eu aprendo todo dia e, às vezes, há invenções mais incríveis que a minha que faço doutorado”.

“Comecei a buscar mudar não só o estigma colocado na matemática de incapacidade como manter a relevância dela para o impacto social. Os alunos, como cientistas da matemática, discutem trigonometria e álgebra junto com a linguagem de programação e com recursos de baixo custo e até recicláveis”, conta Toledo.

O professor critica que não dá mais para ensinar a matemática do século 19 pautada, sobretudo, na repetição e memorização. “Precisamos valorizar, encorajar e nutrir o potencial criativo dos alunos e testar vários caminhos”, acredita.

Nas aulas de Greiton os alunos criam dispositivos que tendem a melhorar a vida de pacientes com Parkinson (Foto: Arquivo Pessoal)

Escola como agente de transformação
Caso ganhe o prêmio de um milhão de dólares, Greiton Toledo conta que quer impactar mais vidas criando centros de sementes Mattis em escolas municipais e estaduais de Goiás e outros estados com foco, por exemplo, na compra de materiais e formação docente. “E que o projeto possa atender outras demandas sociais como câncer e depressão, porque a escola produz saberes, conhecimento, ela pode ser, assim como a universidade, agente de transformação social”, defende.
Sua pesquisa de doutorado, já qualificada e sob a orientação do professor Marcus Vinícius Maltempi, tem como tema Processo de formação matemática: invenções científico-tecnológica destinadas ao tratamento de sintomas da doença de Parkinson. Os brasileiros Leo Burd, do MIT, e Paulo Blikstein, da Universidade de Stanford, participaram de sua banca.
Em resumo, o projeto Mattics ganhou corpo em 2015, na Escola Municipal Irmã Catarina Jardim Miranda, localizada em Senador Canedo, GO, época em que Greiton Toledo ali lecionava por contrato — hoje, além de professor no Instituto Federal de Goiás e pesquisador, Greiton é professor voluntário na Escola Catarina. O Mattics já lhe trouxe outro reconhecimento: em 2016 foi um dos vencedores do Prêmio Educador Nota 10.

Fonte: Revista Educação

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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