Livro infantojuvenil explora o amor adolescente como ponte entre indígena e não indígena
O livro “Yaromim — a melhor lembrança” conta a história da descoberta do amor na adolescência, mas não somente: é também a descoberta e a superação de diferenças culturais, que podem ser transformadas em pontes.
Para contar “uma história de amor que sublima as diferenças”, a autora Patrícia Capella criou em texto a personagem que batiza o livro: Yaromim é uma jovem indígena moradora de um pequeno povoado que vive do garimpo — é no contexto do contato entre adolescentes e da relação entre pessoas de origem indígena e outras não indígenas que a narrativa do livro acontece.
Com ilustrações de Marilia Pirillo, o livro nasceu a partir de um dispositivo em um curso de escrita criativa: Capella recebeu o nome “Yaromim” como mote para que escrevesse uma história. A sugestão despertou sua imaginação, e curiosamente a pessoa que depositou o nome na caixa de sugestões nunca voltou ao curso — e tudo isso tornou a escrita ainda mais inspirada.
“Eu nunca tive a oportunidade de perguntar por que Yaromim foi importante, de onde era e se de fato existira mesmo. Era menino? Ou uma menina? E será que isso faria diferença? Então, eu, a Patrícia escritora, só tinha a folha em branco com um nome”, comentou.
A questão de seu lugar de fala é também elemento sensível do livro e de seu processo de publicação — Formada em Direito, Patrícia abandonou a advocacia para fundar, em 2017, a editora Quase Oito, onde trabalha com especialistas com o propósito de gerar empatia e identificação para crianças e jovens.
“Fica aqui o desafio de não reforçar o projeto colonizador que se estende por mais de quinhentos anos no Brasil, mas conciliar a liberdade da criação como um lugar de não censura. Desde o início, a intenção de Yaromim era mostrar que mesmo na diferença sentimos e amamos como iguais, nada além disso”, afirma.
Segundo a autora, a ideia foi criar um personagem por quem todos podem se encantar, e partilhar vivências, sublinhando a importância do contato com a natureza e a “pureza do amor entre adolescentes cujas realidades são tão diferentes, sem entretanto retroceder à literatura romântica”. O livro traz “algumas chaves de leitura que certamente trarão à baila questões a se debater, mantidas justamente para deixarmos ao leitor a liberdade de inferir, discutir e criticar”, pontua Capella. “Yaromim — a melhor lembrança” foi lançado no último dia 15 de dezembro na Blooks Livraria, no Rio de Janeiro, e já se encontra à venda no site da editora Quase Oito.
Fonte: Hypeness