Fidelidade parlamentar, deve existir ou não?
Até onde vai o compromisso de um parlamentar para com seus eleitores?
Até onde vai o compromisso de um parlamentar para com seus eleitores? Deve haver reciprocidade ou não? O eleito deve fidelidade ou não às suas promessas ante-eleitorais? Estes são questionamentos que fazem todo sentido, uma vez que o voto é a prova de confiança que o eleitor ouviu e/ou aprovou o que foi apresentado em campanha por aquela ou aquele candidato.
Nos últimos três anos o capixaba vem conhecendo o sabor amargo da traição eleitoral. Me refiro ao senador Fabiano Contarato, que, no próximo dia 28, terá a visita do condenado pela justiça Luiz Inácio Lula da Silva para sua cerimônia de filiação ao Partido dos Trabalhadores, partido que, durante quatorze anos, esteve nos noticiários dos principais jornais e revistas do País e do mundo por práticas ilícitas e corruptas na administração pública brasileira. O escândalo petista foi um dos casos mais emblemáticos e simbólicos de corrupção que o Brasil já vivenciou.
Será que Contarato teria sido eleito com os mais de 1,1 milhão de votos se o discurso de campanha tivesse sido diferente, se tivesse falado a verdade que depois de eleito se filiaria ao PT ou outra legenda de esquerda? Com absoluta certeza, afirmo que não, mesmo porque o cidadão de bem do nosso Estado, mais amadurecido, mais informado e muito mais exigente, buscou nomes como o dele, com princípios éticos e morais e comprometidos em combater o maior câncer do Estado: a corrupção.
Na sua campanha, Contarato prometeu defender a família, apresentou propostas para melhorar a segurança pública, manifestou apoio aos direitos humanos e se posicionou contra o aborto. Prometeu que lutaria incansavelmente pela moralidade da política e que atacaria incessantemente a corrupção e a injustiça social, mas é aí que gostaria de entender essa trança. Como fazer isso se filiando ao partido que quase deixou o País na miséria. Não seria um tanto quanto contraditório?
O fato é, que Lula é um condenado pela justiça e, como profissional da justiça, advogado e professor de Direito, esse ‘detalhe’ é de seu conhecimento. Não vimos fundamento para essa desastrosa decisão, o bem e o mal andam lado a lado, mas não se misturam. Em qual baú foi guardada a ética, princípio que norteia a ação humana?
Em abril de 2014, o entrevistei quando estava à frente da Delegacia de Delitos de Trânsito. Na época, se via indignado com a política e a justiça. Se dizia sempre criticado por adotar um discurso mais ríspido ao condenar o próprio Estado pelas omissões e pela militância em prol de leis severas a infratores que, muitas vezes, matam no trânsito e, sequer, são punidos. “Quando alguém pratica um furto, você tem uma vítima determinada, agora, quando o Estado desvia verba da saúde ele está matando milhares de pessoas que têm direito à saúde. Quando o secretário de Educação desvia dinheiro, ele está praticando um crime contra a universalidade de crianças que não terão acesso a um direito constitucional que é a educação. Que realidade é essa? Que País é esse?”, discursou à época.
E foi além, “por isso, é um grande equívoco falar que o Congresso Nacional representa o povo… O Congresso representa bancadas. Bancada ruralista, bancada de igrejas, bancada de banqueiros, menos o povo”. Lembra dessas palavras, senador?
Além do mais o então delegado de trânsito, atribuiu boa parte da culpa à sociedade. “A sociedade tem a sua parcela de responsabilidade, pois ela não reivindica, não participa das decisões, de audiências públicas… Enquanto isso, o Estado dorme em berço esplêndido”.
Penso que tal decisão deveria ter sido consultada aos seus eleitores com uma enquete, ou coisa parecida. Mas isso não foi feito. Então, como equalizar tudo isso, onde um delegado com princípios éticos e morais se filia ao partido mais corrupto da história brasileira que ainda tem um condenado pela justiça concorrendo à presidência da República?
O verdadeiro cego é o que não quer enxergar… Fato é, que, o senador precisa se retratar e se desculpar com o eleitor capixaba pelo exemplo negativo que está dando aos nossos futuros gestores públicos.
Mas, por respeito e admiração, que nós capixabas apreendemos a ter pelo delegado, lamentamos pelo estado de coma profundo no qual se encontra e torcemos pelo seu despertar enquanto há tempo.
É importante frisar que, por quatorze anos, o PT, com apoio de partidos como PSDB, MDB, PDT, Psol, surrupiou o País com corrupção ativa, formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e recebimento de vantagem indevida.