Equipe liderada por brasileiras descobre proteína capaz de evitar o Alzheimer
Liderada por neurocientistas brasileiras, uma equipe descobriu uma proteína que funciona como um marcador do envelhecimento do cérebro, em que a quantidade é reduzida nas células nervosas à medida que envelhecemos. Isso contribuí para entender mudanças funcionais e possíveis medicamentos que podem ser desenvolvidos para “rejuvenescer” as células e evitar o Alzheimer.
O estudo foi publicado na revista científica Aging Cell, em que os pesquisadores descrevem o papel da proteína lamina-B1 como um biomarcador do envelhecimento em seres humanos e animais. A descoberta foi coordenada por Flavia Alcântara Gomes, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ICB/UFRJ) e ela explica que esses biomarcadores costumavam ser procurados no cérebro de vítimas de Alzheimer.
“Nosso objetivo foi identificar indicadores de mudanças que podem levar à perda de função e, por fim, em alguns casos, à demência. A novidade de nosso trabalho foi encontrar um marcador que identifica as células envelhecidas no cérebro”, diz Gomes.
Para isso, eles trabalharam com roedores e amostras cerebrais da Universidade de São Paulo (USP) e de uma instituição da Holanda. Foram analisadas 16 amostras de pessoas de meia-idade e 14 de idosos para investigar transformações nos astrócitos, que são células nervosas que dão sustentação e também ajudam a controlar o funcionamento dos neurônios.
A lamina-B1 tem uma função complexa. Ela ajuda a manter íntegro o núcleo dos astrócitos. E essa função é importantíssima porque, com o núcleo deficiente, os astrócitos já não conseguem mais cumprir o seu papel. O estudo revelou que a quantidade de lamina-B1 diminui com o envelhecimento e que no futuro, pode evitar o Alzheimer. A proteína tem a função de manter íntegro o núcleo dos astrócitos e essa identificação ajuda a distinguir o que é um sinal normal do envelhecimento: “A novidade desse estudo é revelar que a lamina-B1 é um indicador de que os astrócitos estão envelhecidos”, afirma Gomes.
Outra autora do estudo que também é do mesmo laboratório, Isadora Matias comentou que uma das estratégias é matar os astrócitos envelhecidos, só que os riscos são grandes.” O pulo do gato será interromper ou até mesmo reverter o envelhecimento dos astrócitos, normalizando a concentração de lamina-B1. Mas isso depende de mais estudos”, diz.
O envelhecimento e o Alzheimer é um processo complexo que custa a ser totalmente compreendido, tanto que além da lamina-B1, a equipe realizou o novo estudo que identificou outras moléculas presentes no envelhecimento das células. “Mas já será muito importante usar o que aprendemos com essa proteína capaz de dar o sinal de alerta de envelhecimento precoce, por exemplo”, finaliza Matias.
Fonte: Olhar Digital