44% dos jovens tiveram problemas de saúde mental em 2021, diz estudo

Relatório feito em 34 países com 223 mil pessoas aponta que bem-estar emocional da população caiu 3% em relação a 2020 — e que o problema é um “fenômeno global” nos mais novos

De acordo com um relatório global divulgado em março pela organização de pesquisa sem fins lucrativos Sapien Labs, 44% dos jovens do mundo enfrentaram problemas de saúde mental em 2021.
Em sua segunda edição, o Relatório Anual do Estado Mental do Mundo (MSW, na sigla em inglês) foi realizado com 223 mil pessoas em 34 países, entre 1° de janeiro e 31 de dezembro do ano passado. Todos os participantes responderam ao Quociente de Saúde Mental (MHQ), uma pesquisa anônima on-line de 15 minutos sobre bem-estar.
As pontuações do questionário são divididas em uma escala, sendo que pontos mais elevados representam uma faixa normal de funcionamento da pessoa em seu cotidiano. Já os valores baixos representam uma saúde mental deteriorada em termos funcionais.

O estudo revela informações preocupantes sobre a juventude: só 19% dos jovens de 18 a 24 anos tiveram pontuações de bem-estar “prósperas” ou “bem-sucedidas”. Enquanto quase metade deles (44%) teve algum problema de saúde mental, apenas 7% das pessoas com 65 anos ou mais passaram por isso.
Segundo a Sapien Labs, os resultados se contrastam com estudos anteriores a 2010, nos quais os jovens adultos tinham pontuações mais altas em felicidade e bem-estar. “De vários fatores causais potenciais, destacamos o rápido crescimento dos telefones celulares e da internet como a tendência consistente em todos os países após 2010”, sugere a entidade, em comunicado.
Bem-estar global
De acordo com o documento, o mundo também apresentou uma piora generalizada na saúde mental devido à pandemia de covid-19.. O nível de bem-estar geral caiu em 8% de 2019 para 2020. Depois, passou por uma queda um pouco menor, de 3%, considerando o período de 2020 a 2021.
A situação no ano passado foi a pior em países da Anglosfera Central (Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Irlanda, Nova Zelândia e Austrália), em relação a todas as outras regiões do mundo. Em contraste, nações da América Latina e da Europa tiveram o melhor bem-estar — oito dos 10 países com MHQs mais altos estão nessas regiões.

A Venezuela foi a nação que mais se saiu bem no MHQ, com uma média de 91 pontos, seguida de Peru (78) e Argentina (75). Por outro lado, o Reino Unido e a África do Sul tiveram os piores resultados, com uma pontuação de 46. Já a média global no questionário variou de 70 a 75.
O bem-estar foi maior em locais com níveis mais altos de educação e emprego. A qualidade da saúde mental dos homens foi ligeiramente maior do que a das mulheres, sendo que essa lacuna foi maior na faixa etária de 18 a 24 anos. Pessoas não binárias tiveram a pior taxa, com 51% delas angustiadas ou em atendimento clínico.
Para Tara Thiagarajan, fundadora e cientista-chefe do Sapien Labs, os dados indicam que é necessário um “novo paradigma” para melhorar esse cenário.

“As descobertas foram surpreendentes e nos deixaram a pensar que talvez nossos sistemas de crescimento econômico, valores de individualismo e uma mudança da interação pessoal para amplamente digital promoveram um ambiente de bem-estar mental precário”, conclui a especialista.
Fonte: Revista Galileu