OMS alerta para epidemia de obesidade na Europa
Problema estaria por trás de 1,2 milhão de mortes por ano e é uma das principais causas de câncer e doenças cardiovasculares. Quase uma em cada três crianças e 59% dos adultos europeus estão acima do peso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta terça-feira (03/05) para uma epidemia de obesidade que seria responsável por 1,2 milhão de mortes em toda a Europa. A agência da ONU pediu que os países adotem mudanças em suas políticas para reverter essa tendência.
Segundo um relatório da OMS, os índices de obesidade no continente aumentaram 138% nas últimas cinco décadas. O excesso de peso é associado a uma série de doenças cardiovasculares e casos de câncer.
Quase dois terços dos adultos e 8% das crianças com menos de cinco anos têm excesso de peso, aponta a OMS. A obesidade atinge 23,3% da população na região europeia, a segunda taxa mais alta do mundo, atrás apenas das Américas.
“As taxas de excesso de peso e obesidade atingiram proporções epidêmicas em toda a região, e continuam a crescer”, relata o escritório da OMS na Europa, que abrange 53 países, incluindo também algumas nações da Ásia Central.
“O aumento do índice de massa corporal é um dos principais fatores de risco para doenças não transmissíveis, incluindo o câncer e doenças cardiovasculares”, afirma o diretor regional da OMS, Hans Kluge, no relatório.
A obesidade causa ao menos 13 tipos diferentes de câncer e pode estar por trás de ao menos 200 mil novos casos de câncer por ano. “Esses números devem aumentar nos próximos anos”, afirma o documento.
A OMS estima que o excesso de peso e a obesidade possam causar mais de 1,2 milhão de mortes por ano, o que corresponde a 13% do total dos óbitos na região.
Pandemia agrava quadro
Os últimos dados disponíveis, de 2016, revelam que 59% dos adultos estão acima do peso ideal na Europa. Em 1975, esse percentual era de 40%. Além disso, o problema também atinge quase uma em cada três crianças no continente — 29% dos meninos e 27% das meninas.
A pandemia de covid-19 contribuiu para agravar esse quadro. As medidas tomadas para conter o coronavírus fizeram subir os níveis de excesso de peso e obesidade entre crianças e adolescentes, conclui a OMS a partir de dados preliminares, agravando uma situação que já é preocupante: até aos cinco anos, a prevalência de excesso de peso e obesidade é de 9% e dispara para 30% nas idades entre os cinco e os nove anos.
A OMS também alertou para os futuros riscos à saúde associado ao problema. Kluge ressaltou que obesos estão mais propensas a sofrerem o espectro mais amplo dos problemas causados pelo coronavírus, incluindo internações em UTIs e mortes.
Segundo os autores do relatório, as causas da obesidade são “muito mais complexas do que a simples combinação de dieta insalubre e falta de atividades físicas”. Fatores específicos como as “sociedades europeias digitalizadas” também resultam neste quadro, especialmente através da comercialização de alimentos não saudáveis, além dos jogos on-line, principalmente entre as crianças.
Alimentação e exercícios
As recomendações da OMS incluem mais impostos sobre alimentos “não saudáveis” e restrições na sua “venda, publicidade e tamanho de porções”, além da criação de “subsídios para aumentar o consumo de fruta e vegetais”. Além disso, a agência pede o controle da concentração de estabelecimentos de comida não saudável na vizinhança de escolas.
Em relação ao exercício físico, a OMS recomenda que as populações tenham “acesso conveniente e seguro a espaço público aberto e de qualidade”, bem como incentivos como a caminhadas e andar de bicicleta.
Fonte: Revista Planeta