Ciência

Geleiras no Tibete escondem mil bactérias desconhecidas pela ciência

Os organismos foram descobertos após análise de água de derretimento de geleiras no Tibete

Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências encontraram quase mil espécies de micróbios em amostras coletadas nas geleiras do Tibete. Segundo os estudiosos, em descoberta noticiada na revista Nature Biotechnology, os organismos apresentam potencial de propagar doenças para a população.
A neve e o gelo foram coletados em 21 geleiras do planalto tibetano entre 2010 e 2016, e após o derretimento e análise das amostras, diversas espécies de algas, fungos e bactérias foram detectadas.
O DNA dos microrganismos foi sequenciado e um banco de dados chamado Genoma e Gene da Geleira Tibetana (TG2G) foi criado, sendo assim a primeira vez que uma comunidade microbiana escondida em geleira foi sequenciada na história.
Segundo as análises, algumas das espécies têm potencial de provocar novas doenças conforme as geleiras forem derretendo, liberando-os.

“Micróbios patogênicos presos ao gelo podem levar a epidemias locais e até pandemias se forem liberados no meio ambiente”, apontam os pesquisadores.

Espécies desconhecidas

Geleiras tibetanas (Foto: Abogada Samoana/Wikimedia Commons

Os cientistas envolvidos nas pesquisas identificaram, ao todo, cerca de 27 mil potenciais fatores de virulência — moléculas que possibilitem aos micróbios invadir e colonizar hospedeiros.
Além disso, estima-se que de todos esses fatores de ameaça mencionados, cerca de 47% nunca tinham sido identificados anteriormente, o que dificulta em saber o quão prejudiciais à saúde podem ser os microrganismos descobertos.
Além do mais, estima-se que 98% das quase mil espécies descobertas não eram, até então, conhecidas pela ciência, o que preocupa os pesquisadores, já que as geleiras ocupam cerca de 10% da superfície terrestre e estão derretendo cada vez mais rápido ao longo dos anos, como informado pela Revista Galileu.

“Apesar de condições ambientais extremas, como baixas temperaturas, altos níveis de radiação solar, ciclos periódicos de congelamento e degelo e limitação de nutrientes, as superfícies das geleiras suportam uma gama diversificada de vida”, acrescentam os cientistas.

Apesar de a equipe de pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências ainda não saber a idade exata dos micróbios encontrados no Tibete, estudos anteriores apontam a possibilidade de reviver aqueles presos no gelo por até 10 mil anos.
Além disso, o planalto tibetano é responsável por fornecer água nos rios Yangtze, Amarelo e Ganges, que abastecem China e Índia, os dois países mais populosos do mundo.

Fonte: Aventuras na História

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