Paleo & Arqueologia

Por que os dinossauros tinham sangue quente? Pergunta ainda intriga paleontólogos

Novas evidências revelam detalhes sobre a fisiologia de animais extintos há mais de 66 milhões de anos, mas ainda não respondem a todas as dúvidas de cientistas

Ao longo da história da ciência, paleontólogos discutiriam se os dinossauros eram mais como mamíferos e pássaros ou poderiam ser considerados “de sangue frio”, como lagartos. Mesmo na atualidade, em que esses animais tomaram conta do imaginário popular, ainda há muito a descobrir. Um estudo recente publicado na revista científica Nature renovou o interesse nesse duradouro quebra-cabeça.
A pesquisa descobriu que dinossauros tinham metabolismos diferentes, variando de acordo com sua temperatura corporal e nível de atividade, alguns sendo mais parecidos com pássaros e outros mais próximos dos crocodilos. Enquanto muitos dinossauros tinham metabolismos muito ativos e eram de sangue quente como aves, paleontólogos descobriram que outros eram diferentes e até pareciam mais semelhantes a animais considerados de sangue frio, relata a Smithsonian Magazine.

A temperatura corporal dos dinossauros sempre intrigou os cientistas, pois esse grupo de animais está evolutivamente entre os répteis, cujo sangue é gelado, e as aves, que têm sangue quente. Essa diferença levantou novas questões sobre como os paleontólogos reconstroem a biologia de espécies extintas há muito tempo, com implicações para todo tipo de pergunta, desde a rapidez com que os dinossauros cresceram até o quanto eles precisavam comer.
No início, parecia lógico que os dinossauros fossem endotérmicos — ou tivessem a temperatura corporal regulada pelo ambiente, precisando se aquecer ao sol para aumentar sua taxa metabólica. Os cientistas, anteriormente, imaginaram os dinossauros como animais lentos e pesados que pareciam, em geral, inferiores aos mamíferos que acabariam por suplantá-los.

Mas essa conclusão não se mostraria correta. Era difícil olhar para os ossos de dinossauros e percebê-los como animais ectotérmicos, que passam grande parte de seus dias descansando. Fósseis de muitos dinossauros não eram parecidos com lagartos, mas pertenciam a animais que andavam sobre duas pernas e não compartilhavam a aparência atarracada e baixa dos crocodilos. Alguns, inclusive, pareciam rápidos — uma impressão que levaria décadas de pesquisa para se comprovar com evidências sólidas.
Outras descobertas levaram paleontólogos a suspeitar que pelo menos alguns dinossauros devem ter sido criaturas muito ativas e mantiveram temperaturas corporais elevadas. No entanto, os paleontólogos classificaram os dinossauros como répteis — e os répteis modernos são notoriamente ectotérmicos, contando com o ambiente para se aquecer.

Para as espécies grandes, pelo menos, a interpretação de sangue frio permaneceu e foi codificada em visões de dinossauros mastigando plantas. Não foi até a década de 1970 que os paleontólogos começaram a investigar e discutir sobre uma nova ideia: de que os dinossauros, como grupo, poderiam ter sangue quente e seriam muito mais comportamentalmente interessantes do que as gerações anteriores de pesquisadores supunham.

Mas os paleontólogos ainda não têm todas as respostas que buscam. Assim como os mamíferos diferem em seus detalhes metabólicos, os dinossauros também. Não está claro, por exemplo, por que alguns dinossauros tinham altas taxas metabólicas, enquanto seus parentes podem ter evoluído a uma taxa metabólica mais baixa, e quais consequências esses detalhes podem ter para o quadro geral da evolução dos dinossauros.

Fonte: Um Só Planeta

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