Ciência Tecnologia & Inovação

Banheiros “espaciais” transformam urina em água limpa e fertilizante

Inspirada em estações espaciais, tecnologia trata e reaproveita água e urina em eventos culturais de Amsterdã

Quando falamos em reaproveitar resíduos produzidos durante um evento, a primeira coisa que vem à cabeça são os recicláveis, como copos descartáveis, certo? Existe também a possibilidade de compostar resíduos orgânicos, como restos de alimentos de uma festa. Mas, uma empresa holandesa deu um passo à frente e está reaproveitando a água usada nos banheiros dos eventos, transformando este resíduo em água de irrigação, fertilizante e composto.
Inspirada em instalações de tratamento de água usadas em missões espaciais, a Semilla Sanitation se uniu com a Agência Espacial Europeia e as Indústrias Nijhuis, para criar unidades de tratamento de águas residuais de circuito fechado autossuficientes e descentralizadas que convertem águas residuais em água limpa e fertilizantes.

Com uma tecnologia avançada de saneamento, as estações de tratamento transformam o que seria um problema uma solução circular para o tratamento de água com urina e água de pias e chuveiros. Para mostrar a eficiência do seu produto, o CEO da empresa, Peter Scheer, percorre eventos culturais em toda a Holanda, distribuindo xícaras de chá. O chá é preparado com folhas de menta que crescem da água de irrigação e fertilizantes gerados no local a partir do tratamento da água usada pelo público do festival. O slogan “From waste to taste” pode ser traduzido como: “do resíduo ao gosto” e remete a esta capacidade de produzir chá com o que antes era um líquido indesejável.

As unidades modulares da Semilla Sanitation oferecem banheiros, urinóis e chuveiros. Por meio de tratamento biológico ou físico no local, os três fluxos de águas residuais das instalações são convertidos em água de torneira higiênica, água de irrigação, fertilizante e composto. Os módulos também podem ser configurados para produzir biogás e eletricidade.
O resultado é um sistema que fecha o ciclo entre o tratamento de água e o abastecimento de água, para fornecer três das necessidades básicas da vida: água, alimentos e saneamento. Quem frequenta grandes festivais e eventos culturais sabe que é muito comum o consumo de cerveja, o que faz com que o número de pessoas que fazem xixi seja proporcional ao tamanho do evento e à quantidade de brindes.

E o que poderia ser negativo, se torna uma fonte de boas quantidades de água, fertilizantes e até chá. De acordo com Peter, em alguns eventos, a quantidade de líquido coletada chega a 40 mil litros.

Peter Scheer serve chá de menta no festival MadNes 2019 (Foto: Yvonne Zoethout/Facebook/MadNes)

“Não estamos apenas tratando e reutilizando a água usada para dar descarga nos banheiros, estamos criando uma nova fonte de água”, afirma o CEO.

Apesar de ser usada em eventos culturais, a tecnologia pode ser empregada em outros lugares, como campings e localidades sem uma rede de esgoto adequada. Atualmente, a empresa trabalha para aperfeiçoar os sistemas de tratamento e se fortalecer, com eventos e projetos dentro da Holanda, mas também tem representantes no Quênia e em Unganda.

Em um projeto com a Prefeitura de Amsterdã, alguns métodos de tratamento de água estão sendo nas ruas da cidade. O GreenPee, ou xixi verde em português, é um o mictório sustentável  desenvolvido em parceria com Urban Senses. Os mictórios são uma tentativa de impedir as pessoas de urinar em público. A urina é coletada e processada usando o método de tratamento de água amarela da Semilla Sanitation.

Fonte: CicloVivo

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