O rio
Por Mário Vieira
E o rio segue sempre
O seu curso natural
E inexorável, em sua
Rica jornada ele brota
No alto da serra picada
Ele vence a vegetação
E umidifica a terra, ele
Corre ligeiro pelos vales
E pelas encostas mais
Íngremes e tortuosas
Em sua sina, ele não luta
Contra a pedra nem bate
Contra o rochedo, ele desvia
E refrigera a mata e segue
Altaneiro o seu trajeto
Já traçado pelo Mestre em
Sua prancheta esotérica
Ele é sábio, resoluto
E resiliente, ele contorna
Todos os obstáculos do
Caminho, ele rega o solo
E carrega a vida, ele mata
A sede e sacia a fome de
Todos os seres que o tocam
Às vezes ele some, mas logo
Reaparece na relva, diminui e
Aumenta o seu volume e assim
Segue alheio a todos os desafios
E prossegue firme e intimorato
Ele nunca desiste e sempre
Procura o mar, e quando já
Parece vencido e cansado,
No fim de sua saga heroica,
Ele chora em silêncio, se joga
Feliz e deságua nos braços da
Maré amada
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