280 mil filhotes de quelônios são soltos na Amazônia
A soltura dos animais foi realizada pelas comunidades ribeirinhas
As comunidades das unidades de conservação Reserva Extrativista do Médio Juruá e Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, na Amazônia, se reuniram em novembro na comunidade do Xibauá para a Gincana Ecológica, que acontece anualmente na região. O evento tem como objetivo a soltura dos quelônios da espécie Podocnemis spp., popularmente chamados de cágados, que são parte das ações sustentáveis realizadas pelas comunidades, em especial pelos monitores que cuidam das praias.
O trabalho de monitoramento dos quelônios da espécie se inicia quando as fêmeas desovam nas praias do rio Juruá. Os monitores vigiam as praias para impedir que invasores capturem os ovos, e quando os filhotes nascem, são transferidos e cuidados em tanques até que estejam em um tamanho adequado para a soltura no rio, aumentando as suas chances de sobrevivência.
Os números mostram o quanto essa ação sustentável tem ajudado na preservação das espécies de quelônios amazônicos. Em 2010, na região do Médio Juruá eram 12 tabuleiros protegidos por 35 monitores e 120 mil filhotes foram devolvidos à natureza.
Em 2022, foram 19 tabuleiros protegidos por 51 monitores e 280 mil filhotes retornando ao rio em segurança. Além de encerrar o ciclo anual do monitoramento, o evento é um momento de celebração e conta com atividades culturais e competições esportivas.
Ninhos de quelônios
O monitoramento comunitário das praias para a proteção dos ninhos de quelônios acaba protegendo também outras espécies que não são o alvo da atividade, como é o caso de algumas aves migratórias que são mais avistadas nas praias protegidas.
A representação de que toda e qualquer ação voltada para conservar a Amazônia e suas espécies pode fazer a diferença. Essa é a reflexão que a Gincana Ecológica traz. Uma atividade que mobiliza, ensina e traz a educação ambiental de uma forma que transforma a esperança de um futuro cada vez melhor para toda população que vive debaixo da copa das árvores.
A região está empenhada em promover uma nova cadeia produtiva a partir das experiências de conservação realizadas com os quelônios, para que a atividade possa gerar renda para a população, além de proteger as espécies. Afinal, uma das principais dificuldades enfrentadas é a remuneração dos monitores das praias, que muitas vezes não são recompensados pelo trabalho de conservação das praias e dos quelônios.
O monitoramento das praias e quelônios é executado pela Associação de Moradores Extrativistas da Comunidade de São Raimundo (Amecsara), Associação dos Moradores Agroextrativistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari (Amaru), Secretaria do Estado do Meio Ambiente (SEMA/DEMUC) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Neste ano, as instituições que apoiaram o trabalho de monitoramento e o evento da Gincana Ecológica foram o Ministério do Meio Ambiente através do Programa Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL), a Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), o Projeto Pé-de-Pincha, a Prefeitura Municipal de Carauari e o Instituto Juruá.
Fonte: CicloVivo