Machos Alpha: uma divertida e reflexiva série!

Lançada pela Netflix em dezembro do ano passado, série traz o dilema de quatro amigos que se sentem perdidos neste intrigante novo mundo

Nosso Café Coado, hoje, vem com a dica de uma série superdivertida, mas também muito reflexiva e que tem dado o que falar. Não, eu não sou uma cinéfila, uma crítica de filmes, séries ou enredos. Aliás, estou muito, mas muito longe disso! No entanto, achei bem interessante ver um tema comum em minhas palestras sendo tratado em uma comédia sem perder uma boa possibilidade de reflexão.

A começar pelo título provocativo, Machos Alfa, a série de dez episódios, lançada pela Netflix em dezembro do ano passado, traz o dilema de quatro amigos que se sentem perdidos neste intrigante novo mundo que nos desafia a pensar sobre temas como masculinidade tóxica, relacionamento aberto, empoderamento feminino, misoginia, relacionamento abusivo, sexo programado em sites específicos, relacionamentos líquidos, desejo sexual e terapias hormonais.

A expressão ‘macho alpha’ veio do ramo da zoologia para identificar o líder de um grupo no mundo animal, aquele que domina, que está no topo da hierarquia e, por isso, também é o detentor de privilégios em seu grupo.

É bem verdade que algumas questões trazidas na comédia seriada até pouco tempo sequer poderiam ser discutidas. Um exemplo são os relacionamentos extraconjugais que, admitidos clandestinamente, tornam-se tabus quando chegam na proposta de um relacionamento aberto, causando um verdadeiro pânico. Imaginem, então, um relacionamento desse tipo com cláusulas contratuais registradas em cartório!
Uma questão importante levantada é a ausência de desejo sexual. Talvez isso seja mais comum do que se possa imaginar. E, por vergonha ou medo de falar sobre o assunto, as pessoas não procuram ajuda médica para uma necessária terapia hormonal. Isso acontece tanto com o homem quanto com a mulher e os impactos no relacionamento podem ser irreversíveis.

E o que falar da mudança de comportamento relacionado às conquistas, que deixam o mundo real para a marcação de encontros no mundo virtual? A interferência dos filhos nos relacionamentos de seus pais?

Talvez o personagem mais marcante na série seja mesmo o Pedro. Ao perder o seu posto de trabalho para uma mulher, escancara seu caráter misógino, que piora à medida em que assiste ao sucesso profissional e financeiro de sua noiva. Essa é uma questão realmente muito difícil para o universo masculino do mundo real. Vindos de uma geração onde o homem deveria ser o provedor do lar, não é fácil aceitar viver na dependência financeira de sua companheira.

Muitos casais vivem esse dilema e sofrem, inclusive, com o julgamento social. As pessoas conseguem admitir uma relação onde o homem seja o único provedor financeiro da família, mas são extremamente cruéis quando este papel é exercido pela mulher. E não é muito diferente quando a mulher tem rendimentos superiores ao do homem.

É dentro deste contexto que o personagem Pedro resolve criar uma escola para resgatar o macho alpha na sociedade. E claro, o assunto é controverso. Se por um lado ele faz sucesso e tem sua legião de seguidores. Por outro sofre com críticas e cancelamento.

Em uma reportagem de 2016, o jornal espanhol El País mencionou que muitos homens se sentem pressionados para assumir o arquétipo do macho alpha controlador e agressivo, criado por biólogos do sexo masculino. Mas o verdadeiro macho alpha não é agressivo porque não precisa ser. Com o exemplo dos lobos, a matéria registrou que o macho alpha da alcateia não precisa reafirmar sua liderança e autoestima. Ele é confiante, já provou tudo o que tinha que provar e assume o seu papel protetor.

Não estamos aqui para romantizar a questão, mas é uma boa oportunidade para refletirmos sobre que homem e mulher são esses que chegam do velho mundo para encontrar o equilíbrio nos relacionamentos do novo mundo. Afinal, todos nós merecemos ser felizes! Se for com um bom café coado, então, está perfeito! E nesta semana eu recomendo um arábica, lá do Alto Caxixe.

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