Pestalozzi da Serra agoniza e grita por socorro!

Apesar dos relevantes serviços prestados, há alguns anos, a instituição vem enfrentando dificuldades para manter suas portas abertas em consequência de graves problemas financeiros

Infelizmente, o que deveria ser regra é a exceção. Todos deveriam ter o tratamento e as necessidades que merecem supridos pelo poder público, mas não é o que acontece. Instituições filantrópicas que, há décadas, levam atendimento e conforto a quem precisa como Pestalozzis, Apaes, Santas Casas de Misericórdia, vivem “mendigando” e se “humilhando” ao poder público para sobreviverem e prestarem um serviço que é de competência de estados e municípios.

Lamentavelmente esta é a atual conjuntura da Associação Pestalozzi da Serra, que, atualmente, atende a 80 pessoas com deficiência. Com o lema “Apoiar é cuidar e cuidar é permitir viver”, a Associação, fundada em 1994, na Grande Jacaraípe, há alguns anos vem agonizando e gritando por socorro. Sem fins lucrativos, a instituição, que tem por finalidade proteger a pessoa humana e promover valores sociais, éticos e morais — justiça, equidade, igualdade e liberdade — das pessoas com Deficiências e Transtornos Globais do Desenvolvimento. Apesar dos relevantes serviços prestados, há alguns anos, a instituição vem enfrentando dificuldades para manter suas portas abertas em consequência de graves problemas financeiros.

Procurado, o jornal Fatos & Notícias foi até a atual diretoria para entender os motivos que levaram a unidade que, com quase trinta anos de serviços prestados à sociedade, a pedir socorro, pois corre sérios riscos de sucumbir diante dos olhos do poder público.

Para a presidente da unidade, Sandra Regina Ferreira dos Santos, o que falta mesmo é boa vontade do poder público, pois solução existe. “A Pestalozzi da Serra completará trinta anos no ano que vem com importantes serviços prestados às comunidades do município, com uma participação muito grande na assistência social. Nossa estrutura física é muito boa, conta com salas de aula, de psicologia, de fisioterapia, de odontologia. A sala de informática é conta com 24 computadores e temos ainda uma sala de terapia. A cozinha é totalmente equipada, os banheiros — feminino e masculino — têm cinco boxes cada. Temos um parque, uma academia comunitária e uma horta — tratada pelos alunos — e a administração tem a sala da presidência, call center, secretaria e um bazar”, pontuou.

A presidente relatou, ainda, que a instituição conta com equipamentos caros que auxiliam no processo de aprendizagem dos alunos, mas que, por falta de profissionais específicos, estão parados e enferrujando.

Temos equipamentos, aparelhos de fisioterapia, de fonoaudiologia e de terapia ocupacional, mas que, por falta de profissionais técnicos para manuseá-los, estão parados e enferrujando. Um desses aparelhos é o Therasuit, que melhora a qualidade de vida do paciente, é um método que ajuda no aprendizado, trazendo estabilização motora, correção postural, permitindo o desenvolvimento de habilidades motoras e globais e finas. Melhora a densidade óssea, além de melhorias na estimulação tátil e na propriocepção e está parado”, desabafou. “A população precisa ter conhecimento do que se passa aqui, afinal, ela que é a beneficiada”, acrescentou Sandra Regina.
A presidente disse ainda que a instituição contraiu dívidas que hoje a impede de apresentar as Certidões Negativas aos órgão públicos e que “por isso estamos impedidos de receber os convênios que são importantes para manutenção dos serviços”, observa.

Há 29 anos que a nossa unidade vem prestando serviços relevantes à população, somente em 2020, a unidade realizou cerca de 800 atendimentos, nas mais diversas áreas médicas e pedagógicas e, desse total, 360 possuíam alguma deficiência”, esclarece Sandra.

Foi a partir de 2021 que a instituição parou de realizar atendimentos específicos a essas pessoas por falta dos convênios, que exigem da associação a apresentação das Certidões Negativas. “Acho justo, mas o município podia encontrar uma forma de manter o atendimento. Não queremos perdão de dívida, o que queremos é buscar, junto aos órgãos competentes do município, uma saída”, espera.
Conheça a Pestalozzi Serra
A Associação Pestalozzi da Serra — desde sua fundação até 2004 — funcionava em espaço cedido. Foi com muito carinho e esforço que a diretoria da época, acreditando que o sonho seria possível, planejou a construção de uma obra gigantesca no município, mais especificamente na Grande Jacaraípe, para atender à Pessoa com Deficiência e Transtornos Globais do Desenvolvimento. A instituição é referência no município no que diz respeito ao atendimento à Pessoa com Deficiência, pois é bem localizada, com salas amplas, arejadas e bem equipadas.

O espaço foi planejado para atendimentos educacional, clínico e assistencial e contou com investimentos de muitos recursos de doações de voluntários e de grandes empresas como: Arcellor Mittal, Petrobras, Pró-Vida, Viminas, Fortelev, Valllorec, Formaset, Tracomal, Sobrita, Biancogres, Unimed, Grupo Soares, Sicoob, Alimentar, Panper Material de Construção, Farloc, Serramaq, Comercial Pirâmide, Time Soluções, Frioar, Cacau Show, além de recursos públicos municipais, de deputados federais, estaduais e os convênios com todos esses órgãos, que eram para a manutenção e funcionamento de todos os setores.

A maioria das famílias que busca atendimento na instituição para seus filhos, está em situação de vulnerabilidade social. Sabemos que não e fácil para as famílias das pessoas com deficiência encontrarem ambientes pedagógicos e clínico que favoreçam o desenvolvimento e as habilidades, o que a Pestalozzi sempre possibilitou com a permanência, a inclusão e a autonomia. A Pestalozzi sempre garantiu o pleno desenvolvimento à pessoa com deficiência, oportunizando o acesso à inclusão e desenvolvendo a autonomia.
