Cultura

Rabiscar-se

Escrever é expor-se
Por inteiro, é
Desnudar-se
Totalmente por
Dentro e mostrar-se
Por completo

Escrever é despir
A alma, revelar-se
Sem reservas,
Trazer à baila
Chagas, sombras
E feridas abertas,
Deixar fluir emoções,
Pulsões, pendores
E sentimentos vazios

Escrever é exibir-se
Todo, deixar de lado
Inibições e inseguranças,
Abrir o baú de segredos
E destampar a sua própria
Caixa de pandora

Escrever é refletir
O próprio ego no espelho
D’água da vida, é por assim
Dizer, desfilar defeitos
E imperfeições em público,
Rabiscar o molde do espírito
Na janela do carro e
Submeter-se ao julgo alheio,
Enquanto dorme

É sair do castelo, sair da
Caverna, ir para a pista,
Andar distraído e dar a
Cara à tapa, sair da caixa
E da zona de conforto,
Despir-se de máscaras,
De disfarces e personagens

É sair de casa nu, sem lenço,
Sem documento, sem medo
Do olhar do outro, é atirar-se
Às feras é, enfim, sentar-se à
Mesa no fim de cada dia para
Um banquete de consequências

Mário Vieira

Mário Vieira

Capixaba, casado, autor e advogado

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