Quando a mãe volta a dormir? Privação de sono afeta saúde das mulheres
Saiba como lidar com o sono dos bebês; pais, parceiras e a rede de apoio podem atenuar o peso sob os ombros das mães
Por: Ailma Teixeira
Crianças nos primeiros meses de vida chegam a dormir em média 16 horas por dia. Mas esse sono — mães e pais bem sabem — é entrecortado. Especialmente nas madrugadas, quando os adultos costumam dormir, os bebês acordam diversas vezes para mamar e ser ninados.
O pediatra e neuropediatra Flávio Geraldes explica que o sono dos bebês — nos primeiros meses de vida com duração média de 16 horas — vai sendo encurtado ao longo da vida. É esperado que, com o crescimento da criança, ela desperte menos durante a madrugada, com o sono normalizado entre os nove meses e um ano de vida. Até lá, paciência.
Para o médico, o caminho é dialogar com o bebê e analisar as necessidades da criança.
Tem a questão da alimentação, ele vai perdendo a necessidade nutricional do leite da madrugada, mas tem muitas crianças que continuam acordando, a mãe acha que é fome e o bebê acaba usando a mama de chupeta”, inicia o médico. “A partir dos oito meses, o bebê já entende o que é ação e reação, então é muito importante conversar e explicar todas as fases, só que isso antes. Não adianta querer conversar na madrugada”, alerta.
Quais os danos para a mãe que não dorme?
A psicóloga Larissa Fonseca lembra que “não há como recuperar sono perdido”, problema que pode gerar prejuízos a curto e longo prazo. De acordo com ela, tal privação pode favorecer o desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão pós-parto.
Há algo extremamente marcante no comportamento privado de sono, que é a irritabilidade, agressividade e dificuldade no raciocínio. Mães privadas de sono são propensas a acidentes. O organismo em privação de sono está em total desequilíbrio, inclusive emocional”, ressalta a profissional, que está se especializando em Psicologia do Sono pelo Instituto do Sono.
Por isso, Larissa recomenda que a mãe deixe de lado os afazeres domésticos e durma sempre que seu bebê também dormir.
Como os pais e a rede de apoio podem ajudar?
Que a balança de cuidados com os bebês pende mais para o lado das mães é um fato, afinal a amamentação cria um laço exclusivo entre eles. No entanto, isso não significa que os pais, parceiros ou parceiras não possam ser mais efetivos.
Tem mãe se matando e o pai dormindo a noite toda. A gente tem que dar possibilidade pra mãe”, cobra o pediatra Flávio Geraldes. O médico afirma que, especialmente quando a necessidade da criança não é do leite, o pai pode ninar o bebê até que ele volte a dormir.
Demais familiares ou amigos próximos também se mostram úteis quando demonstram empatia por essas mulheres. Segundo a psicóloga Larissa Fonseca, trata-se de entender que essa mãe não vive “seu melhor equilíbrio fisiológico e emocional”. Além disso, ajudar nas tarefas domésticas e na rotina da criança é essencial para atenuar o peso da maternidade.
Fonte: Terra