Minicérebros vão ser criados no espaço para estudo de doenças neurológicas
Resultados podem ajudar no avanço da modelagem de doenças e desenvolvimento de novas terapias para tratar distúrbios neurológicos com base nos minicérebros
Por Lucas Soares
Pesquisadores da startup de biotecnologia Axonis estão aproveitando a Estação Espacial Internacional (ISS) para melhorar o tratamento de distúrbios neurológicos. A equipe de pesquisa examinará como a microgravidade afeta a maturação de células do cérebro humano em minicérebros.
Esses resultados podem ajudar no avanço da modelagem de doenças e desenvolvimento de novas terapias para tratar distúrbios neurológicos.
A equipe de pesquisa converterá células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) em diferentes tipos de células cerebrais — neurônios, micróglia e astrócitos — na Terra. Posteriormente, as culturas dessas células serão enviadas para o laboratório em órbita, onde os diferentes tipos de células devem se juntar e formar esferoides tridimensionais, ou minicérebros.
Esses esferoides serão utilizados como modelos para o cérebro, permitindo estudos de modelagem de doenças e testes de medicamentos.
Segundo o cientista-chefe da Axonis, Shane Hegarty, essas auto montagens em 3D são uma abordagem inovadora para o estudo do cérebro humano. Diferente dos organoides, que são células que crescem até formarem um órgão, os minicérebros se auto montam a partir de diferentes tipos de células cerebrais, resultando em uma estrutura mais madura e completa. Além disso, os esferoides podem ser formados a partir de células da pele do próprio paciente, permitindo modelos personalizados que possibilitam tratamentos específicos para cada paciente.
Os resultados dessa pesquisa podem não apenas melhorar as terapias para distúrbios neurológicos, mas também acelerar o processo de aprovação de medicamentos, utilizando modelos de doenças em vez de modelos em roedores.
Além disso, a investigação avaliará como um terapêutico especial alcança as células dentro dos esferoides. A equipe utilizará uma terapia genética especial que consiste em uma proteína fluorescente, que brilha em verde quando é absorvida pelas células. Isso permitirá avaliar a eficácia da terapia em alcançar os neurônios específicos. O estudo pode representar um grande avanço no campo da pesquisa neurológica, possibilitando melhores tratamentos para milhões de pessoas afetadas por distúrbios neurológicos.
(Foto: Divulgação/Pasca Lab/Universidade de Stanford)
Fonte: Olhar Digital