Internacional

Os segredos da megaprisão para 40 mil detentos em El Salvador

Não existem colchões para todos os enjaulados, e os criminosos só podem sair das celas para sofrer punição

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, deu início a mais uma de suas empreitadas políticas: abriu as portas de uma megaprisão com capacidade para 40 mil detentos. Na semana de estreia, dois mil criminosos ligados a gangues chegaram à cadeia e descobriram que não havia camas suficientes nem colchões para todos os enjaulados.

Essa será a nova casa deles, onde viverão por décadas, todos misturados, incapazes de causar mais danos à população”, tuitou Bukele.

O ministro de Segurança de El Salvador, Gustavo Villatoro, seguiu na mesma linha. “Nunca sairão dali”, disse ele, referindo-se aos detentos. Os presos foram levados de ônibus para a megaprisão. Eles estavam com pés de mãos algemados. Mesmo assim, o trajeto da prisão antiga para a nova morada teve a supervisão de helicópteros armados.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram homens descalços correndo, vestindo apenas cuecas brancas, curvados e com as mãos atrás da cabeça. Todos sem um fio de cabelo na cabeça e com o corpo coberto por tatuagens. Os homens aparecem amontoados, enquanto guardas armados os observam.

Estamos eliminando esse câncer da sociedade”, disse Villatoro. “Saibam que vocês nunca vão sair daí, vão pagar pelo que são… terroristas covardes”.

Sem privilégios

Todos os detentos da megaprisão têm a cabeça raspada (Foto: Reprodução Twitter)

A megaprisão fica em Tecoluca, 74 quilômetros a sudeste de San Salvador. Há oito prédios de concreto armado no local, onde existem 32 celas de aproximadamente 100 metros quadrados. Cada uma das jaulas pode acomodar mais de cem detentos, que têm dois banheiros e duas pias à disposição.

Existem 80 beliches de metal para cada cem prisioneiros. De acordo com grupos de direitos humanos e observadores internacionais, essa prática viola os padrões de encarceramento. Há refeitórios, salas de ginástica e mesas de pingue-pongue no local — mas não para os presos. Apenas os guardas têm esse privilégio.
Conforme as autoridades salvadorenhas, os detentos podem sair das celas apenas para audiências on-line. Ou para serem punidos em uma cela de isolamento, sem janelas nem iluminação.

Mais de 60 mil integrantes de gangues foram presos desde que Bukele declarou estado de emergência no país, ainda no ano passado. Parte deles ainda irá para a megaprisão de Tecoluca, considerada a maior das Américas.

(Foto de capa: Assessoria de Imprensa da Presidência de El Salvador/AFP)

Fonte: Dia de Ajudar

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