Milei, o primeiro presidente libertário
O outsider Javier Milei venceu o peronista Sergio Massa por 55,69% a 44,30%
O perigo
Lançar o ministro da Economia de um governo que entregou 142,7% de inflação abriu caminho para o subestimado Javier, que encantou a juventude com suas opiniões polêmicas, planos mirabolantes e sede de mudança. O óbvio despreparo do Presidente Eleito ficou em segundo plano enquanto a Argentina protagonizou um desesperado salto no escuro e permitiu o experimento de ideias que nunca foram aplicadas em massa por serem descreditadas. Não adianta condicionar apoio a um candidato por ser contra a esquerda, o sistema ou o status quo, afinal ele também pode ser vazio, maníaco e recheado de ideologia, impedindo a articulação necessária para o êxito de um mandato em uma democracia representativa.
O moderado
Se especula que o jeito explosivo de Milei é puro marketing político. Personalidade desconhecida até 2014, o economista ficou famoso participando de programas na TV criticando as ações da casta política que assola o país. No discurso de vitória, promoveu pautas liberais e evitou as polêmicas propostas de fechar o Banco Central e dolarizar a economia. O eleito deve abrir mão de algumas pautas radicais para acomodar o Juntos por el Cambio, partido do ex-presidente Mauricio Macri e de Patricia Bullrich, que possui a segunda maior bancada no congresso, já o La Libertad Avanza detém a terceira colocação.
Elon Musk, Donald Trump e Giorgia Meloni estão dentre os nomes animados com a vitória de Javier Milei, cujo anarcocapitalismo o torna incomum no cenário da direita alternativa global.
Última esperança
Fruto do desgaste da política tradicional, Javier Milei assume a nação no dia dez de dezembro e seu maior desafio será revitalizar os péssimos os índices econômicos herdados da pior crise nos últimos 30 anos. O mundo vigia com olhos atentos a Argentina, que se tronará um campo de testes com 45 milhões de pessoas para a ideologia propagada pela Escola Austríaca, representada por Ludwig von Mises, Carl Menger e Friedrich Hayek.
Na área internacional, as promessas de retirada do Mercosul e Brics+, além do afastamento dos maiores parceiros comerciais, China e Brasil, além de outros governos esquerdistas, dificulta o apoio para a implementação de grandes projetos em um alinhamento que caminha à multipolaridade.
A desestatização via privatização, redução do aparato Estatal e abertura de mercado são medidas conhecidas que nem sempre obtém sucesso. Sobre a educação, a ideia é que não seja pública e nem gratuita, funcionando por um sistema de vouchers que permitiriam os pais a escolher a instituição de preferência para seus filhos, se assemelhando ao plano de João Amoêdo (ex-Novo). A saúde seria automatizada por um seguro universal e a segurança reforçada com a liberação do armamento civil, redução da maioridade penal para 14 anos, militarização dos presídios, um comitê de crise contra o narcotráfico e o combate à ocupação de terras por povos originários.
A possibilidade de venda de órgãos foi discutida, porém extremamente criticada, e não deve ser implementada.