Ciência

Quando a energia de fusão nuclear se tornará realidade?

Há cinco décadas, a ideia da energia de fusão anima cientistas, mas quando essa visão revolucionária finalmente se transformará em realidade?

Por Ana Luiza Figueiredo

A energia de fusão nuclear, um sonho que prometia ser a maravilha energética, revelou-se um desafio épico. Desde que a capacidade de colidir átomos minúsculos para criar outros maiores e liberar energia no processo foi descoberta, cientistas em todo o globo enxergaram seu potencial energético.
No entanto, a fusão é difícil. Ao longo de 75 anos de tentativas para construir geradores de fusão, progressos enormes e revolucionários foram alcançados, mas o objetivo final ainda não foi atingido. Qual o motivo de tal dificuldade? O astrofísico Paul Sutter da Universidade Stony Brook e do Instituto Flatiron discutiu esta questão em um artigo publicado no Space.com.
Segundo Sutter, o desafio primário reside em algo aparentemente simples: enquanto é relativamente fácil provocar a fusão — uma tarefa realizada rotineiramente com armas termonucleares — é incrivelmente complicado controlar essa reação, extrair energia útil dela e, ao mesmo tempo, manter a estabilidade.

Na era moderna, duas abordagens principais buscam realizar a proeza da energia de fusão nuclear. Uma delas baseia-se no confinamento inercial, onde feixes de lasers são direcionados a um pequeno alvo, induzindo uma reação de fusão breve. Em dezembro de 2022, o National Ignition Facility (NIF) do Departamento de Energia dos EUA ganhou manchetes ao alcançar o tão almejado “ponto de equilíbrio”, liberando mais energia do que consumiu.

A segunda abordagem é ancorada no confinamento magnético, onde campos magnéticos poderosos comprimem um plasma até que a fusão ocorra. Experimentos nesse campo avançaram consideravelmente, mas ainda enfrentam obstáculos significativos na manutenção da estabilidade do plasma, crucial para uma reação de fusão constante.

A última iteração, chamada ITER, está em construção por um consórcio internacional de pesquisa, aspirando ser o primeiro dispositivo de confinamento magnético a atingir o ponto de equilíbrio. No entanto, o NIF não foi concebido para gerar eletricidade, e permanece incerto como transformar seu processo em uma usina de energia. Apesar de sua potência, gerou apenas cinco centavos de eletricidade através da fusão.

Além disso, o termo “ponto de equilíbrio” carrega um significado técnico um tanto desanimador, pois embora o combustível tenha liberado mais energia do que absorveu, menos de 1% da energia total do aparato chegou ao combustível em primeiro lugar. Quanto ao ITER, Sutter explica, a instalação está mergulhada em má gestão e excessos de custos, e nem mesmo é projetada para gerar eletricidade por si só.

Fonte: Olhar Digital

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