PSD aposta em apoio ao governo e União Brasil em distanciamento por protagonismo em 2026
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Presidente do PSD, Gilberto Kassab, prepara legenda para servir ao projeto de reeleição de Lula em 2026 ou garantir governabilidade a qualquer presidente eleito
Por Sílvio Ribas
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Partidos do Centrão que integram a base parlamentar de Luiz Inácio Lula da Silva, União Brasil e PSD se movimentam para ganhar musculatura em 2026, estando ou não juntos com o atual governo. Enquanto o União Brasil cria as condições para se afastar do petista e seguir caminho próprio na eleição presidencial e impulsiona a estratégia para conquistar o comando das duas Casas do Congresso em 2025, o PSD segue rumo paralelo, se cacifando para se tornar a principal linha auxiliar do petista numa eventual reeleição dele.
Sob nova direção, o União Brasil destituiu Luciano Bivar para implementar um plano que pode culminar no lançamento da candidatura do governador goiano Ronaldo Caiado à Presidência. Para ampliar a sua independência do Planalto, a legenda que tem nominalmente dois ministros na Esplanada e agora está sob a batuta de Antônio Rueda, busca uma fatia maior dos fundos partidário e eleitoral por meio da criação eventual de uma federação com 149 deputados, a surgir com o PP e o Republicanos.
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Fundado e guiado por Gilberto Kassab, o PSD, por sua vez, investe pesado na conquista de novas prefeituras e engatilha candidatos às presidências da Câmara e do Senado, para o caso de eventual fracasso de acordos para eleger indicados dos atuais presidentes.
A corrida para eleger os sucessores dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no começo de fevereiro de 2025, já mobiliza os líderes partidários, dedicados à costura de alianças estratégicas.
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Na Câmara, o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), apoiado por Lira, emerge como favorito. Mas ele enfrenta resistência do PT, devido à rivalidade com o seu partido na Bahia. Além da questão regional, há a preocupação dos petistas sobre a concentração de poder nas mãos do União Brasil. Por isso, há a chance de Antônio Brito (PSD-BA) obter apoio, pois seu diretório estadual mantém parceria com o PT baiano. Na Câmara, o PSD integra o segundo maior bloco em número de votos (143).
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No Senado, Eliziane Gama (PSD-MA) reiterou mês passado sua intenção de concorrer à sucessão do correligionário Rodrigo Pacheco. Detentor da maior bancada de senadores (15), o PSD precisaria, primeiramente, acolher unido o seu nome. Os que já endossam a candidatura de Eliziane buscam legitimá-la com o respaldo de Lula, mostrando alinhamento em diversas frentes, tal qual evidenciado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, na qual Eliziane desempenhou o papel de relatora. Um gesto curioso neste contexto ocorreu em 20 de fevereiro, quando o senador Omar Aziz (PSD-AM) confrontou duramente em plenário o pedido de Pacheco por um pedido de desculpas por ter associado a operação militar israelense em Gaza ao Holocausto.
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Pacheco, aliado do judeu Davi Alcolumbre e próximo ao presidente da República, está consolidando a parceria estratégica do PT com o PSD mineiro para as eleições de 2024 e de 2026. Essa aliança prevê o apoio à reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, no pleito deste ano, e a preparação do terreno para a candidatura do presidente do Senado ao governo de Minas Gerais nas próximas eleições gerais, armando o palanque para Lula no Estado.
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No Rio, Lula também já deu provas de que está empenhado na reeleição de Eduardo Paes (PSD), que poderá ter um vice do PT. Outra estrela do PSD, o governador do Paraná, Ratinho Júnior, poderá deixar o partido para embarcar na plataforma presidencial com o Republicanos, acompanhando a rejeição de Bolsonaro a alianças do PL com “o PSD de Gilberto Kassab”, em razão da proximidade dele com Lula.
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No dia seguinte ao ato político do domingo, 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Kassab (PSD), que é secretário de Governo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ouviu um apelo do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), no Palácio do Planalto, para que o PSD apoie Lula em possível campanha para a reeleição. O cacique partidário preferiu não se posicionar.
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O político veterano afirmou no fim do ano passado que Lula só não será reeleito se “errar muito”, o que considera “muito difícil” se considerar a longa experiência do petista no jogo eleitoral. Em 2022, Kassab chegou a ensaiar uma pré-candidatura ao Palácio do Planalto de Rodrigo Pacheco, a quem trouxe do União Brasil com esse propósito, mas o plano não vingou diante da forte polarização política e o partido acabou ficando neutro no primeiro turno.
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Superação de racha interno dá novo impulso ao União Brasil
A última vez que um partido dominou ambas as Casas foi entre 2017 e 2019, quando o DEM estava no comando, partido que deu origem a tanto PSD quanto União Brasil, à época representado por Alcolumbre e Rodrigo Maia (RJ). Além do DEM, que se fundiu ao PSL para dar origem ao União Brasil, só o MDB e o PT conseguiram tal feito antes. A briga pelo comando do União expôs o racha na legenda criada há apenas dois anos, levando à derrubada de Bivar numa tumultuada convenção nacional, no último dia 29. Rueda tem apoio de Caiado e do ex-prefeito de Salvador ACM Neto.
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O deputado federal Antônio Carlos Nicoletti (União-RR) afirmou ao programa Assunto Capital, da Gazeta do Povo, na noite de terça-feira (5) que 80% dos integrantes do União Brasil são de direita e conservadores. Mas Lula tem usado a estratégia de cortejar grandes partidos, como o União Brasil, o PSD e o Republicanos com cargos e verbas para conseguir apoio ao governo e muitos cedem à política de “toma lá, dá cá”, apoiando Lula em suas pautas. Veja a íntegra do programa aqui.
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Superada essa fase, avançam as articulações que envolvem lideranças de PP, União Brasil e do Republicanos para criar nas próximas semanas uma federação de direita, que pode ser a principal força eleitoral em 2026. Se fechado, o acordo prevê a união das legendas pelos próximos quatro anos. Ao contrário da coligação, a federação obriga os partidos ficarem juntos por ao menos duas eleições.
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PP, União Brasil e Republicanos têm 17 senadores e seus direitos no fundo eleitoral passam da casa de R$ 1 bilhão. Com a federação também somariam o maior tempo de propaganda no rádio e na TV. Essa é a plataforma visada para servir à candidatura presidencial de Caiado, caso ele consiga levar seu intento adiante. A aliança partidária ganhou força após o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), mostrar engajamento nesse projeto que vem sendo especulado desde o fim de 2022.
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Não por acaso, ele esteve presente à convenção que consagrou Rueda no comando do União Brasil e se reuniu na semana passada com o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), que tem dúvidas sobre o lançamento da federação em 2024. O PP também indicou ao União Brasil que poderá apoiar a candidatura de Alcolumbre à presidência do Senado como parte da orquestração da aliança, diminuindo a resistência do senador à federação. Cada vez mais consolidada, a candidatura de Alcolumbre recebeu o apoio de Lula nesta semana.
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PSD quer usar predomínio em prefeituras como ativo político
Presidente do partido com mais prefeituras do Brasil (968), Gilberto Kassab usa o peso da máquina partidária do PSD para expandir influência sem se atar a nenhuma das duas figuras mais importantes do cenário polarizado da política nacional, Lula e Bolsonaro. Só em São Paulo, o PSD comanda 329 prefeituras, mais da metade do total geral e 263 a mais do que conquistou na eleição de 2020, graças ao processo agressivo de filiação de prefeitos, vindos sobretudo do PSDB. Em recentes entrevistas, o cacique partidário deixou claro que está focado em ampliar em mais 750 o total de cidades administradas pelo PSD, sobretudo no Sudeste.
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Com três ministros na Esplanada e líder da articulação política de Tarcísio, Kassab é visto com desconfiança tanto pela esquerda quanto pela direita. Na capital paulista, o dirigente chegou a acenar ao pré-candidato do PSol, Guilherme Boulos, mas declarou apoio à recondução de Ricardo Nunes (MDB) à prefeitura. Em entrevista recente ao site Brazil Journal, ele sinalizou que Tarcísio e Lula devem garantir o diálogo entre direita e esquerda, vendo como natural a reeleição do governador, apoiado por Bolsonaro.
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A venda de governabilidade, tida como um negócio típico do Centrão na Câmara, tem no PSD um exemplo de organização que leva esse esforço quase ao nível estatutário. Para o consultor e cientista político Paulo Kramer, o PSD exerce plenamente a sua “Doutrina Kassab”, que o coloca sempre como linha auxiliar de qualquer governo, dando a sustentação no caso de São Paulo e no Planalto, simultaneamente.
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Para especialista, União Brasil e PSD terão peso especial em 2026
Segundo Daniel Contreira, cientista político da BMJ Consultoria, o União Brasil emergiu mais coeso após uma semana tumultuada em razão da troca de seu comando. Ele observa que, embora tenha havido especulações sobre um racha interno, o novo presidente eleito, Antônio Rueda, representa uma ala historicamente ligada ao antigo Democratas, que, em sua visão, sempre foi mais robusta do que o PSL de Bivar. Contreira enfatiza que este momento é crucial para o partido definir sua trajetória futura. Ele ressalta que as negociações de uma possível candidatura de Caiado à Presidência podem depender da formação de uma federação com PP e Republicanos, além do desempenho nas urnas nos pleitos municipais de 2024.
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Quanto ao PSD, Contreira destaca que a continuidade do plano de Gilberto Kassab para consolidar o partido como o mais relevante em termos de prefeituras no país está evidente. Ele ressalta que Kassab está bem posicionado para alcançar os resultados desejados nas eleições municipais de outubro, transformando a legenda em um ativo valioso no cenário nacional. Essa ascensão, segundo o analista, poderá conferir ao PSD uma influência ativa nas eleições para as Mesas Diretoras do Congresso em 2025 e na disputa pela Presidência da República no ano seguinte. Essa perspectiva, segundo Contreira, solidifica a importância estratégica do partido e seu papel influente nos destinos políticos do País.
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Fonte: Gazeta do Povo