Tecnologia & Inovação

Biorreator usa milho, fungos e enzimas para produzir etanol

Biorreator brasileiro vai usar resíduos de milho, fungos e enzimas para produzir etanol ecológico e limpo

Por Vitoria Lopes Gomez

Para cada tonelada de milho colhida no Brasil, mais que o dobro de toneladas viram resíduos. Ao invés de ser descartado, parte desses compostos podem ser reciclados e, em um novo processo envolvendo fungos e enzimas, gerar etanol. É isso que propõem uma nova patente brasileira, para gerar combustível sustentável a partir de materiais que seriam descartados.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de produção de milho no Brasil em 2024 é de 131,7 milhões. Para cada uma tonelada colhida, cerca de 2,3 toneladas viram resíduos.

Parte das mais de 300 toneladas de resíduos produzidas não precisam ser descartadas. Ao contrário, podem ser recicladas na patente Biorreator de Palha de Milho. A ideia é usar o descarte da produção do alimento para, através de uma cadeia de reações químicas envolvendo o bagaço da cana-de-açúcar, chegar no etanol. Maria Polizeli, professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) de Ribeirão Preto da Universidade São Paulo (USP) explicou como funciona:

Ele [biorretor] utiliza como estratégia um sistema de cultivo que combina o crescimento de um fungo isolado aqui no nosso laboratório da USP de Ribeirão Preto, em conjunto com um fungo chamado Mycothermus thermophilus”, explica Maria Polizeli.

Do milho ao etanol
Veja o passo a passo até chegar no combustível:
➜ Os fungos citados por Polizeli têm um intervalo de temperatura semelhante, o que permite que eles cresçam juntos na mesma cultura.
➜ Essa cultura é a mesma da palha de milho residual da produção do alimento, algo aproveitado pelo biorreator;
➜ Os componentes (fungos e palha de milho), então, são usados como indutores da produção de enzimas capazes de degradar a celulose e hemicelulose;
➜ A decomposição completa das enzimas originadas forma a glicose, que será fermentada por leveduras e forma o etanol.

Segundo a professora, ao Jornal da USP, a ideia do biorreator surgiu justamente por conta do papel das enzimas. Polizeli comentou que elas podem não só produzir etanol, mas também outros tipos de biomassa, podendo chegar ao ácido lático e bioplásticos, por exemplo.

Isso torna a produção ecológica, já que aproveita de resíduos industriais que, do contrário, seriam descartados. A patente já foi registrada no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No entanto, apesar da relevância do projeto, isso não significa que ele já está no mercado. A professora explica que é necessário escalonar a capacidade do biorreator para que possa atingir níveis industriais. Para isso, é necessário investimento em equipamentos.

Fonte: Olhar Digital

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