Cientistas descobrem neurônios responsáveis pela gula
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Ativação de neurônios VGAT gerou busca por comida entre ratos; estudo foi liderado por pesquisador brasileiro
Por Bárbara Giovani
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A gula, essa vontade de comer algo mesmo quando o estômago não clama de fome, não é algo aleatório. Na verdade, a culpa é de um grupo de células que ficam nas profundezas do cérebro e são responsáveis pelo comportamento de busca compulsiva por comida. Essa é a primeira vez que um estudo identifica qual a parte exata do organismo que é responsável pela gula. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Nature Communications.
Além de pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos, o estudo contou com um grupo de cientistas brasileiros, da Universidade Federal do ABC (UFABC). O líder dos experimentos foi o brasileiro Fernando Reis, da UCLA, e a pesquisa também contou com apoio financeiro da Fapesp.
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De acordo com o estudo, o controle da gula está em neurônios que ficam na região da base do cérebro. Ela é chamada de substância cinzenta periaquedutal. As células nervosas são conhecidas como células VGAT e transportam um neurotransmissor chamado GABA (ácido gama-aminobutírico). Este, por sua vez, exerce um papel crucial na regulação da atividade dos neurônios.
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Estudos anteriores demonstraram que a área periaquedutal de ratos e humanos é parecida. Dessa forma, os cientistas utilizaram camundongos para uma série de experimentos com tecnologia optogenética. Esse método consiste em tornar os neurônios sensíveis à luz para, dessa forma, poder ativá-los ou inibi-los.
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Contudo, para que isso fosse possível, os pesquisadores injetaram nas células nervosas um vírus com a proteína de sensibilidade à luz que obtiveram de uma alga. Além disso, os ratos de laboratório também implante de fibra óptica. A ideia era que o material pudesse conduzir a luz aos neurônios infectados pelo vírus e, consequentemente, sensíveis à luminosidade.
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Desse modo, conseguimos que as células fiquem mais ou menos ativas de acordo com o comprimento de onda da luz emitida”, explicou Juliane Ikebara, coautora do estudo, à CNN.
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Quando as células VGAT foram estimuladas, os animais passaram a buscar freneticamente por alimentos. Também comeram mais do que o normal, mesmo completamente saciados — algo parecido com a gula ou a compulsão alimentar. Em geral, eles estavam dispostos a superar obstáculos para alcançar alguma comida. Além disso, quando os neurônios específicos foram inibidos, os ratos comeram menos, mesmo com fome.
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Também durante a pesquisa, os cientistas observaram que os animais gostavam da estimulação das células VGAT, porque se aproximavam da caixa por onde isso acontecia. Os pesquisadores acreditam que isso possa ter relação com a sensação positiva da busca por comida. Agora, os cientistas querem compreender se o mesmo acontece nos cérebros humanos. Além disso, pretendem estudar se essa gula “estimulada” incita a busca por alimentos específicos, como aqueles ricos em proteínas e açúcares.
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Por fim, os autores da pesquisa acreditam que as descobertas podem auxiliar a comunidade científica em futuros estudos e desenvolvimento de tratamentos para transtornos alimentares, como a anorexia ou a compulsão.
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Fonte: Giz Brasil