Lêmures de Madagascar

Daqui a pouco não sobrará mais nenhum

Por Deise Aur

Uma maneira de avaliar a inconsciência humana é observar o impacto das nossas ações motivadas pela ganância e ambição sobre a natureza e os animais. Um exemplo claro é a situação crítica do lêmure, um primata nativo da Ilha de Madagascar. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, os lêmures são os primatas mais ameaçados de extinção no planeta. Madagascar é o único habitat natural desses animais.
Atualmente, cerca de 94% das 111 espécies e subespécies de lêmures estão ameaçadas de extinção. O desaparecimento desses primatas pode afetar drasticamente a biodiversidade de Madagascar e o equilíbrio ecológico da ilha.

As causas que estão ameaçando os lêmures da extinção são:
• A caça desse animal para vender sua carne como iguaria;
• O desmatamento de seu habitat natural para produção comercial de sisal;
• O corte ilegal de madeira;
• Produções agrícolas destrutivas;
• Mineração, produção de carvão.

Russ Mittermeier, representante da Comissão de sobrevivência das espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), descreveu a situação dos lêmures da seguinte forma:

Esta é, sem dúvida, a maior porcentagem de ameaça para qualquer grande grupo de mamíferos e para qualquer grande grupo de vertebrados”.

De 111 espécies e subespécies de lêmures, 105 estão ameaçadas, segundo dados da IUCN. Entre as causas, a que pode contribuir efetivamente para essa ameaça é:

O aumento da caça aos lêmures, incluindo a caça comercial em larga escala. Isso é diferente de tudo que vimos antes em Madagascar”, disse o diretor de conservação da Bristol Zoological Society.

Uma das espécies mais gravemente ameaçada é a do lêmure-esportivo-do-norte, da qual é provável que existam apenas 50 indivíduos, segundo informações da IUCN. A situação é assustadora e grave, mas segundo especialistas, ainda é possível evitar que se agrave. Existem organizações trabalhando para isso, por exemplo:
• A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN);
• A Primate Specialist Group Global;
• Wildlife Conservation.

As ações dessas organizações incluem a conscientização e o alerta ao mundo sobre essa e muitas outras ameaças aos lêmures Cada cidadão pode contribuir divulgando a causa ou colaborando com essas organizações para salvar os lêmures e outros animais em risco.

Entre as ações planejadas e implementadas para alcançar esses objetivos estão:
• Gestão das áreas protegidas de Madagascar: Criar mais reservas administradas por comunidades locais e fiscalizar as áreas mais ameaçadas.
• Promoção e expansão do ecoturismo: Esta é uma alternativa para manter e resguardar as florestas únicas e maravilhosas de Madagascar, proteger e preservar os lêmures, que são um símbolo da ilha, e outros animais. Todos representam a maior atração e riqueza natural da região.

Madagascar está entre os territórios com maior biodiversidade do mundo, mas, infelizmente, também está na lista das áreas que mais sofrem com o desmatamento. Portanto, é crucial evitar que o pior aconteça.

Lêmure — o espírito da floresta
Em Madagascar, o lêmure simboliza o espírito da floresta, e para aqueles que respeitam essa conexão, causar qualquer dano a esse animal é um verdadeiro sacrilégio. Independentemente da questão mística e ancestral, os lêmures têm uma importância vital para a floresta e o ecossistema. Eles desempenham um papel crucial na manutenção e conservação da vegetação, pois são herbívoros (comem vegetais) e frugívoros (se alimentam principalmente de frutas), contribuindo para a dispersão de sementes.

Além disso, Madagascar é o berço dos lêmures. Existem espécies desse animal que foram descobertas recentemente, evidenciando a grande variedade existente. Temos muito a aprender com os lêmures devido ao seu nível de inteligência, sociabilidade, comportamento e hábitos. Por tudo isso, e pela sua própria existência, é verdadeiramente lamentável que eles estejam correndo risco de extinção!

Fonte: GreenMe