Cultura

Você sabia que o capim-dourado não é um capim?

O capim-dourado, ou capim de ouro, é o principal gerador de renda de comunidades tradicionais de Tocantins

O capim-dourado (Syngonanthus nitens) é uma espécie de sempre-viva, planta bastante utilizada no artesanato, e remonta à técnica empregada pelos indígenas xerentes. Mas você sabia que o capim-dourado não é um capim?
Os famosos fios de ouro, conhecidos como capim-dourado, não fazem parte da família das gramíneas. Na verdade, trata-se da haste (parte de um vegetal que estão presas as flores) de uma pequena flor branca da família das sempre-vivas, nome popular de várias espécies de plantas que, após colhidas e secas, conseguem resistir consideravelmente ao tempo sem se estragar ou perder sua cor.

O governo do Estado do Tocantins criou regras para o uso sustentável do capim-dourado. A Portaria 092/2005, reeditada como Portaria 362/2007 tem como objetivo evitar a extinção da espécie, que pode ser colhida somente em determinada época do ano e com autorização do Instituto de Natureza do Tocantins (Naturatins).

Confira algumas regras:
As hastes só podem ser colhidas após a maturação das sementes, ou seja, somente a partir do dia 20 de setembro.
Os frutos devem ser cortados e dispersos no solo logo após a colheita.
As hastes de capim dourado não podem sair da região in natura, apenas em forma de artesanato.

O capim-dourado é matéria-prima para a confecção de bolsas, bijuterias e objetos de decoração, que são nacionalmente conhecidos e valorizados. A arte de transformar as hastes em artesanato é uma herança dos indígenas xerentes. Os utensílios fabricados por eles eram utilizados em casa ou trocados por outros produtos. Atualmente, a produção de tais peças artesanais é a principal fonte de renda de centenas de famílias.

A festa da colheita é uma realização da Associação dos Artesãos do Povoado Mumbuca e conta com o apoio do Governo de Tocantins, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura (Seden). O evento acontece anualmente, sempre após a segunda quinzena do mês de setembro e segue até novembro, que marca o início do período liberado pelos órgãos de fiscalização para a coleta da planta típica.

As festividades acontecem na comunidade Mumbuca, em Mateiros, fortalecendo a resistência e formação da identidade cultural do povo local. Durante o período festivo, são desenvolvidas atividades que visam a valorização cultural e a econômica das comunidades envolvidas no plantio, como palestras, degustação de comidas típicas, visita à pontos turísticos, vendas de produtos da agricultura familiar, shows e comercialização de artesanatos produzidos com o capim-dourado.

Fonte: Portal Amazônia

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