Comportamento & Equilíbrio

Devaneio em excesso pode ser um transtorno? Saiba os riscos para sua saúde

O que diz um especialista: o Dr. Saulo Ciasca explica os limites entre o devaneio saudável e o problemático

Por Leandro Costa Criscuolo

Sonhar acordado é comum, mas em alguns casos pode ultrapassar limites e prejudicar a vida diária. O chamado transtorno do devaneio excessivo (Maladaptive Daydreaming) se caracteriza por fantasias intensas e prolongadas que substituem a interação com a realidade, interferindo nos estudos, trabalho e relações pessoais.
Em contato com a reportagem do Olhar Digital, o Dr. Saulo Ciasca, médico psiquiatra, ressalta que “não existe um reconhecimento oficial do transtorno do devaneio excessivo nos manuais diagnósticos como o DSM-5 ou a CID-11”. Contudo, o impacto na vida das pessoas pode ser grande. Pessoas afetadas passam horas imersas em enredos internos elaborados, mesmo sabendo que não são reais. Apesar disso, a preferência pela fantasia pode se intensificar diante do estresse.

Principais Sintomas
✅ Fantasias vívidas e contínuas, semelhantes a séries ou filmes internos.
✅ Movimentos repetitivos enquanto devaneiam.
✅ Dificuldade de concentração em atividades do dia a dia.
✅ Isolamento social para manter os devaneios.
✅ Sentimentos de culpa e frustração após longos períodos fantasiando.

O problema começa quando o devaneio traz prejuízos, como deixar de estudar, trabalhar ou se relacionar. A pessoa vive mais nas histórias imaginárias do que a realidade”, explica o Dr. Saulo. “Os devaneios podem ser acionados por gatilhos como músicas, memórias ou cheiros. Eles podem ser sintomas de transtornos mentais, embora o devaneio em si não seja um transtorno”, acrescenta.

Possíveis Causas
O transtorno ainda é pouco compreendido, mas pode estar associado a:
✅ Experiências traumáticas.
✅ Isolamento social.
✅ Transtornos como depressão, ansiedade, TOC e TDAH.
✅ Ambiente monótono ou falta de estímulo.
✅ Alta criatividade emocional ou artística.

Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico ainda é clínico, baseado em entrevistas e escalas específicas, como a Escala de Devaneio Excessivo de Somer. Não há um protocolo oficial de tratamento, mas as abordagens eficazes incluem:
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
Mindfulness e práticas de atenção plena.
✅ Organização da rotina diária.
✅ Grupos de apoio on-line.
✅ Tratamento de transtornos associados, quando presentes.

O Dr. Saulo orienta: “quando o devaneio traz sofrimento e prejuízo, é fundamental buscar ajuda de um psiquiatra para iniciar psicoterapia e, se necessário, tratamento para condições associadas”. O devaneio, em si, não é um problema — pode ser uma ferramenta criativa de enfrentamento emocional. Entretanto, quando foge do controle e compromete a vida prática, precisa ser encarado com atenção e cuidado profissional.

Fonte: Olhar Digital

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

Related Posts

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

EnglishPortugueseSpanish