Educação

Novo plano para educação inclui eixo climático e amplia gastos para 11% do PIB

O texto traz algumas mudanças relevantes em relação ao projeto original enviado pelo governo

Por  Leonardo Desideri

O parecer do relator deputado Moses Rodrigues (União-CE) ao projeto do novo Plano Nacional de Educação (PNE) foi apresentado, na última terça-feira (14), na Comissão Especial da Câmara dos Deputados dedicada ao tema. O texto traz algumas mudanças relevantes em relação ao projeto original enviado pelo governo, entre elas o aumento da meta de investimento total em educação no Brasil e a criação de um eixo temático voltado para mudanças climáticas e sustentabilidade, algo inédito no histórico dos PNEs brasileiros.
O PNE é um plano decenal que orienta as metas e estratégias da política educacional em todo o país. Ele funciona como um norte para a ação do Executivo nos âmbitos federal, estadual e municipal, guiando os investimentos e as prioridades. O plano atual, aprovado em 2014, vigoraria até o fim de 2024 e foi prorrogado até 2025, e o novo texto define metas para o período de 2025 a 2035.

Entre as principais metas mais gerais do projeto do novo PNE estão o objetivo de garantir a alfabetização até o 2.º ano do ensino fundamental, a valorização dos profissionais da educação básica, a criação de um programa nacional de infraestrutura escolar vinculado ao MEC — que pode acabar tirando poder de estados e municípios — e a ampliação da educação integral.

O plano também estabelece um calendário com revisões obrigatórias a cada dois anos e determina que União, estados e municípios elaborem planos operacionais intermediários com metas locais. Uma das mudanças mais importantes entre o parecer e o projeto original é a elevação da meta de gasto público total com educação de 10% para 11% do PIB, somando recursos públicos e privados. Isso significa, na prática, ampliar os recursos que circulam na rede pública de ensino e em programas federais de educação, o que deve reabrir um debate antigo: embora o gasto com educação tenha crescido de forma intensa nas últimas décadas, os indicadores de aprendizagem continuam estagnados.

Outra novidade é a introdução de um eixo temático dedicado a mudanças climáticas e sustentabilidade. Ele vai orientar políticas no conteúdo curricular, na formação de professores e em práticas escolares. O tema passará a ser tratado de forma transversal nas disciplinas, com programas específicos de educação ambiental e climática; professores deverão ser capacitados para trabalhar o assunto em sala de aula; e escolas deverão adotar políticas de sustentabilidade, como uso racional de recursos e ações voltadas à preservação ambiental.

O parecer também detalha mecanismos de monitoramento da qualidade da educação vinculados ao recém-aprovado Sistema Nacional de Educação (SNE). Estados e municípios deverão alimentar um sistema nacional de informações em tempo real, para permitir que o governo federal acompanhe de forma mais precisa a execução das metas e tenha uma base de dados mais integrada para orientar políticas públicas.

Na gestão escolar, o parecer detalha critérios para a escolha de diretores, combinando desempenho e participação da comunidade escolar. Hoje, os critérios variam bastante entre estados e municípios. A proposta tende a uniformizá-los. Outro ponto relevante é a meta de ampliar o ensino em tempo integral. O projeto original previa que 40% das escolas funcionassem em tempo integral até 2035; o parecer eleva essa meta para 50%.

As mudanças se somam a outras como a reorganização de metas para alfabetização além de atualizações em indicadores de qualidade. O deputado Moses Rodrigues afirma que o texto “é supermoderado, um texto que traz as contribuições de toda a sociedade civil e também do Congresso Nacional e que dará uma nova dinâmica para a educação brasileira”.

Fonte: Gazeta do Povo

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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