Cultura

Identidade da ‘Moça com o Brinco de Pérola’ pode ter sido finalmente descoberta

Famosa obra de Johannes Vermeer, ‘Moça com o Brinco de Pérola’ pode ter tido identidade de musa inspiradora finalmente desvendada

Por Éric Moreira

Após mais de três séculos, um historiador da arte alega ter desvendado um dos mistérios mais intrigantes da história da arte: a identidade da jovem retratada na célebre pintura “Moça com o Brinco de Pérola”. No artigo, publicado recentemente no Times of LondonAndrew Graham-Dixon revelou suas descobertas em antecipação ao lançamento de seu novo livro intitulado “Vermeer: A Life Lost and Found” (Vermeer: Uma Vida Perdida e Encontrada).
Segundo o especialista, o artista que criou a icônica obra em 1665, Johannes Vermeer, trabalhou quase exclusivamente para o casal holandês Pieter Claeszoon van Ruijven e Marie de Knuijt, residentes de Delft, Países Baixos. Este casal pertencia a uma seita cristã radical conhecida como Remonstrantes, conforme relatado pelo Telegraph.

Com base nessa informação, Graham-Dixon sugere que a menina pensativa na pintura — reconhecida pelo seu exótico turbante e pelo famoso brinco de pérola — é provavelmente a filha do patrono, Magdalena, que na época tinha apenas 10 anos. O historiador observa que a jovem estava vestida como como Maria Madalena, uma seguidora de Jesus; enquanto os Remonstrantes modelavam suas vidas inspirando-se em figuras como Maria Madalena e outros discípulos, conforme repercute o New York Post.

Ela (Magdalena) teria 12 anos no outono de 1667 e, supondo que fosse uma colegiada, uma ramificação mais radical como seus pais, ela teria solenemente firmado seu compromisso com Cristo naquela idade”, afirmou Graham-Dixon.

Ademais, ele acrescentou que cada obra de Vermeer, que também foi educado dentro do contexto Remonstrante e participava de reuniões Collegiant, “foi inspirada pelas crenças religiosas valorizadas por Maria de Knuijt e por aqueles próximos a ela, incluindo o próprio Vermeer”.

Debates sobre a descoberta
No entanto, a afirmação de Graham-Dixon suscita debates entre especialistas. Ruth Millington, autora do livro “Muse: Uncovering the Hidden Figures Behind Art History’s Masterpieces”, argumenta que a pintura não deve ser encarada simplesmente como uma imitação da vida real.

O fascínio desta pintura é o mistério da musa”, declarou ao Daily Mail. “Não se trata de um retrato direto de um modelo facilmente identificável, mas sim de um ‘tronie’, a imagem de uma figura imaginária. Muitas vezes, as pessoas interpretam pinturas como puramente biográficas, quando há mais complexidade nelas”.

Diferente de alguns contemporâneos holandeses, Vermeer era conhecido por instigar os espectadores ao ocultar significados em sua arte, conforme reportado pela BBC. A autora Tracy Chevalier, responsável pelo romance “A Moça com o Brinco de Pérola” (obra que inspirou o filme homônimo de 2003 com Scarlett Johansson), também comentou sobre a questão. Ela afirmou que “a imagem funciona porque não é resolvida”.

Você nunca consegue responder à pergunta sobre o que ela está pensando ou como ela está se sentindo”, disse Chevalier ao descrever a expressão serena da jovem retratada. “Se a questão fosse resolvida, você passaria para a próxima pintura”.

Fonte: Aventuras na História

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

Related Posts

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

EnglishPortugueseSpanish