Líder que vê o farol, não apenas o feed

Por Francisco Neto

No mundo cada vez mais impactado pelo mercado digital e por IA, ficou comum terceirizar para um computador as análises e avaliações que antes eram exclusivas de humanos. Cada vez mais profissionais de todos os setores aplicam essas ferramentas com o intuito de alcançar resultados melhores e mais diferenciados.
Até aí, tudo bem, mas seria negligente não pontuar que determinadas situações (ainda) pedem um olhar humano para identificar alternativas mais adequadas aos seus resultados. Por exemplo, no marketing digital explora-se muito termos como “big data”, “algoritmo”, “transformação digital”. Estes são vendidos como a solução definitiva para qualquer negócio. Mas será que uma ferramenta consegue atender do MEI à multinacional sem nenhuma adaptação ou ajuste? Como se espera que a liderança trabalhe com essa contradição?
Essas perguntas são pertinentes porque evidenciam a importância de o líder se guiar por um farol de resultados. Este não é apenas uma luz; é o guia que impede a embarcação de bater nas pedras, orientando a gestão para a eficácia nas rotinas (execução, vendas, comercial, financeiro). E, dentro desta janela específica do marketing, este farol pode demandar uma solução que muitas vezes diverge do senso comum e exige uma abordagem híbrida, como o casamento do marketing físico (panfleto, carro de som) com o marketing digital (redes sociais).

Um papel fundamental da liderança é sempre estar atento não somente aos resultados em si, mas também ao timing e ao caminho a ser percorrido para alcançá-los. Existe a ambição de ter o seu negócio como uma grande usina solar gerando energia e economias da conta de luz durante décadas. Mas, antes de chegar lá, é necessário AGORA um disjuntor bem dimensionado para proteger as instalações. Se o empresário precisa criar sustentabilidade para que sua padaria seja a maior do Estado em cinco anos, antes ele deve lançar mão de um carro de som divulgando seu negócio ao redor das quatro quadras mais próximas à loja. Quando bem gerido, o básico da divulgação garante o Produto Mínimo Viável (MVP) do negócio e proporciona o início da prosperidade desejada.
E é realmente só o início, pois conexões e ajustes devem ser proporcionados pelo líder para o próximo nível. É aquele momento de transferência do objetivo que se inicia como tangível e que, para evoluir, precisa se tornar mensurável. O panfleto ou o outdoor não é mais o fim da comunicação, é o ímã. O marketing físico faz o barulho; o digital faz a retenção e a mensuração. Por exemplo, o panfleto (físico) possui informações (QR code, telefone, endereço) que afirmam, sem titubear: “estamos aqui. Você precisa disso. Entre em contato agora”. Ele atrai o consumidor como um ímã, sem filtros, no mundo real.
Cabe ao próximo nível reter os interessados e transformá-los em clientes. Essa conversão exige outras ferramentas que o líder deve aplicar no momento adequado. O próximo passo da venda é a retenção e a mensuração de resultados, e aqui exige-se do empresário somente pragmatismo: funciona ou não?
• Este tráfego pago está sendo eficaz, como aquele curso pregou?
• E as estratégias de divulgação, quanto custam e o que trazem de retorno para que eu possa arcar com o custo do marketing?
• A cadeia de prospecção está em ressonância ou algo está vibrando em desarmonia?

A liderança eficaz é aquela que entende que o básico (a distribuição daquele panfleto, a rota do carro de som) precisa ser gerenciado com a mesma precisão e rigor que uma campanha digital de R$ 10.000. É aí que a gestão faz a diferença, não a tecnologia.
Não é uma questão de ser “raiz” ou reviver a nostalgia, essa vaidade não tem espaço nos negócios. Exige-se de um líder transformador aplicar as ferramentas adequadas para a realidade, o objetivo final e a visão de curto, médio e longo prazo necessárias para unir o sonho com a matéria. O gestor precisa se atentar ao farol de negócios e não somente ao seu feed para alavancar sua empresa, ou do contrário deixará passar grandes oportunidades por ignorância ou falta de humildade tática. Quem triunfa em 2025 é aquele que, finalmente, aprendeu a conectar o papel na mão do cliente com os dados na tela do computador.
Francisco Neto
Engenheiro eletricista da Conexa Engenharia
Transformo soluções inteligentes em energia, eficiência e segurança
@eng.fneto










