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Vaso sanitário de baixo custo dá descarga sem água

Banheiro seco foi projetado para áreas sem acesso à água potável e coleta de esgoto

Ao realizar estágio em uma empresa de saneamento, o designer Archie Read, do Reino Unido, foi exposto à dura realidade a que vivem muitas pessoas: a falta de acesso a mínimas condições sanitárias seguras. Por outro lado, ele também conheceu diversas soluções de banheiro seco e de saneamento portátil para eventos de alto padrão. Inspirado nas ideias, desenvolveu seu próprio banheiro seco, que libera excrementos e urina usando areia ao invés de água.
Batizado de Sandi, o vaso sanitário é capaz de separar os resíduos líquidos e sólidos. Ao fim do uso, ao invés de gastar litros de água, basta acionar uma descarga mecânica — que funciona sem eletricidade — para transferir os resíduos sólidos para uma seção de armazenamento onde os dejetos podem ser reaproveitados como fertilizantes.

Banheiro seco pode ser usado em residências e viagens (Foto: Kildwick)

Dentro do vaso há dois compartimentos distintos, um guia a urina para um recipiente e o outro possui uma pequena esteira, coberta com uma fina camada de areia, que se renova a cada descarga. Ou seja, ao girar a descarga, toda a sujeira “desaparece”, pois é movida para um recipiente interno.
Segundo o designer, a areia pode ser substituída por serragem — o que é uma solução já adotada em banheiros secos ecológicos. Archie Read estima que uma família de sete pessoas só precisará esvaziar os resíduos líquidos a cada dois dias e os resíduos sólidos a cada quatro dias. Mas, logicamente, tal capacidade pode mudar dependendo do uso.

Apesar de não estar à venda, o designer estabeleceu que cada vaso deve custar cerca de 74 dólares, de forma a ser acessível aos que mais precisam. O vaso Sandi foi um dos 10 projetos de design de produto destacados pela Universidade de Brunel, em Londres, na qual ele é estudante.

Solução útil e inteligente
Cerca de 1.937 municípios brasileiros não têm rede coletora de esgoto, segundo um levantamento divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que quase 7,2 milhões de brasileiros não têm, sequer, instalações sanitárias. Em tais casos, os banheiros secos podem ser uma alternativa ecológica — uma vez que não necessitam de água e não poluem o meio ambiente.
A solução pode ser útil sobretudo para quem vive em áreas rurais ou não possui instalações para coleta e tratamento de esgoto. De fato, ao projetar e prototipar o vaso, Archie Read teve sempre em mente países de baixa renda, sobretudo da África subsaariana.

Aqui no Brasil, a organização social Habitat para a Humanidade desenvolveu um projeto piloto para instalar banheiros secos para famílias do semiárido pernambucano. Os moradores atendidos vivem em uma área rural onde o acesso a água é escasso e o esgotamento sanitário é praticamente inexistente.
Mas, engana-se quem pensa que banheiro seco é somente para pessoas de baixa renda. Esta solução já é consolidada como uma ótima alternativa, além de muito mais racional do que defecar em água limpa. Na Europa, uma empresa alemã criou um banheiro seco montável e moderno, enquanto que na Coreia do Sul um professor de Engenharia Ambiental criou um vaso equipado com uma bomba a vácuo, que transforma dejetos humanos em energia e criptomoeda.

Para além de modelos mais sofisticados, é mais comum encontrar banheiros secos mais simples. O mais básico deles é formado somente por um balde, que deve ser colocado abaixo do assento, e serragem, que deve ser inserido após o uso. Quando cheio, o balde com os dejetos deve ser destinado à compostagem.

Fonte: CicloVivo

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