“Pipa aquática” usa marés para gerar energia
Dispositivo inusitado já abastece energeticamente as Ilhas Faroé
Por: Marcia Sousa
Um dispositivo inusitado está ajudando a abastecer as Ilhas Faroé — um arquipélago entre a Escócia e a Islândia — com energia renovável. É o Dragon 4, uma “pipa aquática” que gera eletricidade a partir de fluxos de maré e correntes oceânicas. O Dragon 4 é uma turbina cujo desenho e performance imita uma pipa voando. O modelo consiste em uma asa, que carrega uma turbina diretamente acoplada a um gerador. Leve, modular e escalável são algumas das características do produto.
Desenvolvida pela empresa sueca Minesto, o dispositivo vem passando por vários testes na última década. Em 2022, começou a fornecer eletricidade à rede elétrica nas Ilhas Faroé. A ideia é aproveitar a fonte inesgotável de energia renovável proporcionada pela força das marés.
A asa usa a força de sustentação hidrodinâmica criada pela corrente subaquática para mover a pipa. Com um sistema de controle a bordo, a pipa é dirigida autonomamente em uma trajetória predeterminada em forma de oito, puxando a turbina através da água em um fluxo de água várias vezes maior do que a velocidade real do fluxo. O eixo da turbina move o gerador que produz eletricidade e envia para a rede.
Imagine que você está em uma praia, empinando uma pipa contra o vento. Você sente a forte força das cordas da pipa. Ao empinar a pipa de lado, você percebe que ela voa mais rápido — muito mais rápido do que o próprio vento está soprando. Empinar uma pipa através do fluxo é o mesmo princípio por trás da tecnologia oceânica patenteada”, explica a empresa Minesto. “Exceto — em vez de voar em uma praia, ‘voamos’ no oceano, pois a água é quase mil vezes mais densa que o ar, então a energia é muito mais concentrada”, completa.
O pequeno sistema de “pipa aquática” de 100 quilowatts foi instalado em outubro nas Ilhas Faroé e apresentou resultados recordes em termos de eletricidade total gerada, desempenho máximo e conversão de energia em geral. Um segundo equipamento já foi implantado desde então e a Minesto possui um plano detalhado para a construção gradual de conjuntos de turbinas. Com uma capacidade total de 120 MW de energia das marés, gerando cerca de 350 GWh por ano, as matrizes forneceriam 40% do crescente consumo de eletricidade das Ilhas Faroé.
A União Europeia quer obter 40 gigawatts de energia “oceânica” até 2050, porém há grandes desafios no desenvolvimento, expansão da tecnologia e alto custo. Por enquanto, a Minesto assinou acordos para levar sua tecnologia de energia das marés para as Filipinas e Taiwan, cujo abastecimento energético provém 95% de combustíveis fósseis.
Fonte: CicloVivo