Frédéric Auguste Bartholdi, o homem que construiu a Estátua da Liberdade

A Estátua da Liberdade, um dos maiores cartões-postais dos Estados Unidos, foi projetada por artista francês, ainda no século 19
Por Giovanna Gomes
Frédéric Auguste Bartholdi iniciou os trabalhos da Estátua da Liberdade em 1870, moldando chapas de cobre marteladas manualmente, que seriam sustentadas por uma estrutura metálica projetada por Gustave Eiffel, o famoso engenheiro que ficaria conhecido por construir e dar nome à Torre Eiffel.
Ao longo de cinco décadas de carreira, o artista francês produziu dezenas de esculturas notáveis, mas sua obra mais famosa não se encontra em sua terra natal. Ela ergue-se no porto de Nova York como um dos símbolos mais reconhecidos dos Estados Unidos: a Estátua da Liberdade.
A ideia desse monumento nasceu em 1865, quando Édouard René de Laboulaye, colega e amigo de Bartholdi, propôs criar uma estátua como presente ao povo americano. A homenagem marcaria o centenário da independência dos Estados Unidos e celebraria a amizade entre a França e a jovem nação.
O projeto tomou forma em 1870. De acordo com o portal All That’s Interesting, a construção começou em 1876, foi concluída em Paris em 1884 e enviada para Nova York no ano seguinte. Ali, sobre um pedestal erguido em uma ilha no porto, a estátua foi montada peça por peça. Em 28 de outubro de 1886, durante a inauguração oficial, Bartholdi declarou emocionado: “meu sonho foi realizado”.
Ainda que a imagem da “Senhora Liberdade” tenha eternizado seu nome, o legado de Bartholdi ultrapassa em muito esse feito. Quando morreu em 1904, suas obras estavam espalhadas por praças e edifícios ao redor do mundo, de sua cidade natal, Colmar, até várias cidades norte-americanas.
Quem foi Bartholdi?
Nascido em 2 de agosto de 1834, em Colmar, Bartholdi perdeu o pai aos dois anos. Sua mãe então se mudou com ele e o irmão mais velho, Jean-Charles, para Paris. Desde cedo interessado em arte, o jovem Frédéric recebeu apoio da família para cultivar sua vocação. No colégio, estudou escultura e arquitetura com mestres reconhecidos, especializando-se também em pintura.
Em 1853, decidiu se dedicar à escultura. Logo naquele ano expôs uma obra no Salão de Paris. Dois anos depois, aos 20, recebeu a encomenda de uma estátua do general napoleônico Jean Rapp. No entanto, foi uma viagem em 1855 ao Egito e ao Iêmen que despertou nele a paixão por obras colossais. Fascinado pelos monumentos da Antiguidade, escreveu: “esses seres de granito, em sua majestade imperturbável, parecem ainda estar ouvindo a antiguidade mais remota. Seu olhar gentil e impassível parece ignorar o presente e se fixar em um futuro ilimitado”.
Bartholdi retornou ao Egito em 1869 para conhecer o recém-inaugurado Canal de Suez e apresentar um projeto de escultura monumental na entrada da passagem: um farol em forma de figura drapeada segurando uma tocha, chamado “O Egito Levando a Luz à Ásia”. Embora a proposta não tenha avançado, serviu de inspiração para o que viria a ser a Estátua da Liberdade.
Enquanto isso, a ideia de Laboulaye sobre o presente aos Estados Unidos permanecia em aberto. O plano foi adiado pelo início da Guerra Franco-Prussiana, em 1870, conflito que levou Bartholdi a se alistar na Guarda Nacional. Lutou pela defesa de Colmar, mas viu sua região ser derrotada e anexada pela Alemanha. A perda marcou profundamente o artista e inspirou diversas obras posteriores.

Outros projetos
Nos anos seguintes, Bartholdi dedicou-se a esculturas que exaltavam o heroísmo francês. Sua obra-prima dessa fase é o Leão de Belfort, um colosso em arenito iniciado em 1871 e concluído em 1880, que simboliza a resistência de 17 mil franceses contra 40 mil prussianos durante 103 dias de cerco.
Também homenageou os balonistas que transportaram correspondência e civis para fora de Paris durante o bloqueio inimigo, embora essa escultura tenha sido destruída pelos nazistas na Segunda Guerra. Mesmo absorvido por esses projetos, Bartholdi não abandonou sua visão para a Estátua da Liberdade.
Em 1871, viajou aos Estados Unidos para apresentar a ideia e buscar apoio financeiro. Ao chegar ao porto de Nova York, identificou o local perfeito: uma pequena ilha chamada Bedloe, mais tarde rebatizada Ilha da Liberdade. Em carta à mãe, descreveu-a como “o local com o qual sonhava”.
Durante cinco anos, Bartholdi liderou campanhas de arrecadação na França e na América. O comitê francês financiou a estátua, enquanto o comitê americano custeou o pedestal. Em 1876, as obras começaram de fato. Após a morte do arquiteto Eugène Viollet-le-Duc, Gustave Eiffel assumiu o projeto da estrutura metálica interna.
A inauguração
Em 1884, a Estátua da Liberdade ficou pronta em Paris. No ano seguinte, foi transportada em navios e desembarcou em Nova York em 17 de junho de 1885. O pedestal foi finalizado em abril de 1886, permitindo a montagem da figura. Na cerimônia de inauguração, em 28 de outubro de 1886, Bartholdi, presente em Nova York, declarou a realização de sua maior ambição: “esta obra viverá para a eternidade, quando tivermos morrido, e tudo o que vive conosco se deteriorar”.
Mas sua produção não parou aí. Além da Estátua da Liberdade e das esculturas patrióticas, Bartholdi exibiu trabalhos em Paris, em praças americanas e em exposições internacionais, como a do Centenário da Filadélfia (1876) e a Exposição Mundial da Colômbia (1893).
Artista versátil, também se dedicou à fotografia, ao desenho e à pintura, registrando inclusive cenas dos colonos na Califórnia. Em 1886, recebeu a Legião de Honra, a mais alta condecoração francesa. Bartholdi morreu em 4 de outubro de 1904, aos 70 anos, vítima de tuberculose. Sua casa em Colmar, por sua vez, foi transformada no atual Musée Bartholdi, preservando sua memória.
Fonte: Aventuras na História


















