Caminhar sozinho traz benefícios para a saúde mental

Cada vez mais estudada pela ciência, a caminhada silenciosa combina natureza, movimento e atenção plena — um antídoto poderoso contra o estresse e a ansiedade
Por Isabella Bisordi
Em meio à correria das telas, notificações e compromissos, surge um movimento que convida à pausa: a “caminhada silenciosa”, ou silent walking. Essa prática simples — de caminhar sozinho, sem música, celular ou distrações — tem conquistado adeptos e despertado o interesse da ciência. Cada vez mais estudos confirmam: o contato solitário com a natureza regenera o foco, reduz o estresse e fortalece o equilíbrio emocional.
Uma pesquisa publicada em 2019 na área da Ecopsicologia mostrou que o contato direto com ambientes naturais melhora o humor e estabiliza as emoções. A lógica é simples: ao se afastar dos estímulos constantes da cidade e da internet, o cérebro encontra espaço para desacelerar, processar pensamentos e restaurar a calma.
Em 2008, outro estudo revelou que pessoas que caminharam sozinhas em meio à natureza apresentaram melhor desempenho em tarefas de memória e atenção. Os participantes que se desconectaram do ambiente urbano conseguiram se concentrar com mais facilidade, reforçando a ideia de que a natureza é uma aliada do foco e da clareza mental.
A caminhada silenciosa é uma forma natural de cuidar do corpo e da mente ao mesmo tempo. Pesquisas apontam que caminhar ao ar livre reduz os níveis de cortisol, relaxa a musculatura, melhora a circulação e ajuda a controlar a pressão arterial. Além disso, a exposição ao sol favorece a produção de vitamina D, essencial para fortalecer os ossos, músculos e o sistema imunológico. Em resumo: cada passo sob a luz do dia é também um passo em direção à saúde integral.
Não é coincidência que pessoas que vivem próximas a áreas verdes apresentem menos sintomas de ansiedade e depressão. O contato com o verde estimula a serotonina, melhora a qualidade do sono e amplia a disposição para o convívio social. Um levantamento feito na Dinamarca com 900 mil pessoas mostrou que crianças criadas em bairros com mais áreas verdes têm menor risco de desenvolver transtornos mentais na vida adulta. Estar perto da natureza, portanto, não é luxo, é cuidado preventivo.
Mais do que um exercício físico, a caminhada silenciosa é uma prática de mindfulness (também conhecida com atenção plena). Ao se concentrar na respiração, no toque dos pés no chão e nas sensações do corpo, a pessoa aprende a estar no momento presente. Essa “meditação em movimento” ajuda a quebrar o ciclo de pensamentos repetitivos e preocupações excessivas. Estudos indicam que praticar regularmente aumenta a resiliência emocional, a criatividade e o senso de equilíbrio interno. Você não precisa de muito: apenas um par de tênis confortável e um pouco de silêncio.
Confira um passo a passo simples para iniciar
- Comece devagar: reserve de 10 a 15 minutos e caminhe em ritmo leve;
- Escolha o lugar certo: parques, trilhas ou ruas tranquilas são ideais;
- Postura e respiração: mantenha o corpo ereto, os ombros relaxados e respire de forma ritmada, sentindo o ar entrar e sair;
- Silencie os estímulos: deixe o celular no modo avião e ouça o ambiente — o som dos passos, do vento, dos pássaros;
- Esteja presente: sempre que perceber a mente vagando, volte o foco para os pés e a respiração.
Fonte: Bons Fluidos












