Sara Forbes Bonetta: a princesa africana que foi dada de presente para a rainha Vitória
A pequena descendente, capturada da tribo Egbado pelo rei Ghezo, foi entregue, em 1850, para a monarca britânica como “um presente do Rei dos negros à Rainha dos brancos”
Sara Forbes Bonetta, inicialmente chamada como Aina, nasceu por volta de 1843 em Oke-Odan, na Nigéria, era membro da família real da tribo Egbado e ficou reconhecida após ser dada de presente para a rainha Vitória na década de 1850.
No ano de 1848, com apenas cinco anos, a jovem Aina presenciou sua aldeia ser invadida pelo exército do reino de Daomé, que causou a morte de seus pais. Após se tornar órfã, a garota foi levada como escrava para a corte do rei Ghezo, e rumores da época dizem que ela também teria sido capturada com o objetivo de servir como sacrifício humano.
Entretanto, no ano de 1850, o capitão britânico Frederick E. Forbes, que havia recém chegado à corte africana, conseguiu resgatá-la após convencer o monarca a enviar a criança como um presente para a rainha Vitória, mesmo com a escravidão já tendo sido abolida na Inglaterra em 1834.
Segundo Frederick “Ela seria um presente do Rei dos negros à Rainha dos brancos”. O militar acabou a renomeando com seu próprio sobrenome, tornando-a Sara Forbes Bonetta, sendo Bonetta uma homenagem a seu navio, o HMS Bonetta.
A rainha Vitória e o príncipe Albert ficaram extremamente surpresos com o presente inusitado, e acolheram a garota no Palácio de Windsor, financiando seus estudos em uma escola na região de Freetown, em Serra Leoa, quando a mesma tinha oito anos.
Apesar de receber uma educação de qualidade, a princesa se sentia muito infeliz e retornou para a Inglaterra em 1855, já com 12 anos. Em pouco tempo, a nova Sara se tornou fluente em inglês e demonstrou um grande talento para a música, impressionando cada vez mais a monarca que a nomeou como sua afilhada.
No ano de 1862, Vitória arranjou um casamento para Bonetta com o capitão africano James Pinson Labulo Davies, 15 anos mais velho que a garota. Além de ser marinheiro, o homem também atuava como comerciante, empresário, estadista, filantropo e chegou a dar aulas para a jovem durante sua estadia em Freetown.
Eles acabaram se casando em agosto do mesmo ano e mudaram-se para a Nigéria, tendo três filhos: Victoria Davies, em 1863, Stella, em 1873, e Arthur Davies, em 1871. Apesar da distância, Forbes continuou a manter contato com a rainha, tendo a visitado em 1867 para lhe apresentar sua filha mais velha, que também se tornou afilhada da soberana.
Sara morreu em 4 de agosto de 1880, aos 37 anos, após contrair tuberculose. Em sua homenagem, seu marido acabou erguendo um obelisco de dois metros e meio para preservar sua memória.