Radioatividade poderia tornar habitáveis planetas congelados
Estudo da Universidade Harvard mostra que planetas presentes no centro da Via Láctea teriam capacidade de abrigar vida devido às suas características radioativas
Um novo estudo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, mostra que um planeta pode tornar-se habitável, com água e outros líquidos em sua superfície, se for aquecido por radioatividade. Isso abre a possibilidade de que muitos planetas possam hospedar vida, segundo a pesquisa, publicada no periódico The Astrophysical Journal Letters.
A Terra, por exemplo, tem sob sua crosta e manto isótopos radioativos, que são átomos com excesso de energia nuclear. Entre outros fatores, a presença de urânio-238, tório-232 e potássio-40 (radionuclídeos) geram uma quantidade de energia que permite a vida no nosso planeta. E, de acordo com o novo estudo, alguns planetas, particularmente aqueles que se formam perto do centro da Via Láctea, também possuem quantidade suficiente desses isótopos radioativos para gerar calor e impedir que suas superfícies congelem totalmente.
“Isso dá a liberdade de estar em qualquer lugar. Você não precisa estar perto de uma estrela”, diz Avi Loeb, astrofísico da Universidade Harvard e coautor do novo estudo, à revista Science. Loeb e Manasvi Lingam, astrobiólogo do Instituto de Tecnologia da Flórida, analisaram três fontes de calor para um planeta sem uma estrela como o Sol: o calor remanescente de quando ele se formou, o decaimento radioativo de isótopos de vida longa durante bilhões de anos e o decaimento radioativo de isótopos curta duração ao longo de centenas de milhares de anos.
Os pesquisadores descobriram que planetas com a mesma massa da Terra, mas com cerca de 100 vezes a abundância de radionuclídeos (isótopos radioativos), iam liberar calor suficiente para manter as substâncias líquidas por milhões de anos. Segundo Lingam, é improvável que a vida multicelular sobreviva a essa irradiação.
De acordo com a Science, o Telescópio Espacial James Webb, com lançamento previsto para 2021, poderá identificar um planeta com essa virtude. Mas uma das câmeras do telescópio vai precisar de aproximadamente 10 dias para detectá-lo. “Existem tantas incógnitas”, diz Lingam à publicação. “Nós não dissemos a última palavra”.
Fonte: Galileu.com