Saúde

É Isso Aí — Planalto tem semana movimentada

Ala moderada do governo trabalha por nome técnico para ministro da Saúde

Meus amigos, estou de volta a este modesto blog depois de curtir alguns dias de férias. Mas, mesmo de longe, acompanhei com muita atenção a movimentação política no Planalto. E não creio que temos muitas novidades por lá e, em última análise, em todo o País.
Sim, em se tratando das manobras palacianas, o que estamos vivenciando no momento é a crise de ciúme do nosso destemperado presidente em relação ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta que, quase diariamente, o vemos com colete do Sistema Único de Saúde (SUS) e camisa branca arregaçando as mangas. E sempre, depois de idas e vindas, afirmando que fica no cargo, enquanto vemos e ouvimos diversas “autoridades” e produtores de fake como o colega da Band, José Luiz Datena afirmando: “… Tenho informações fidedignas, seguras que, se o Mandetta não pedir demissão, o Bolsonaro vai dar um chute nele”. Gente, sinceramente eu nunca tinha visto isso antes, nestes meus 65 anos de jornalismo!
Depois do anúncio do pedido de demissão do secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, a avaliação dentro do governo é que está praticamente definida a saída do chefe dele, o ministro Luiz Henrique Mandetta.
Por isso, a ala moderada do governo, integrada por ministros militares e civis, trabalha para que, se confirmada a demissão de Mandetta, o substituto seja um nome técnico.

Secretário Wanderson de Oliveira, do Ministério da Saúde, pede demissão (Foto: G1 Brasília)

Na avaliação de integrantes dessa ala, Mandetta ficou em situação insustentável na Esplanada dos Ministérios depois de ter cobrado do presidente Jair Bolsonaro, em entrevista ao Fantástico, uma unificação no discurso do governo, sob o argumento de que a população não sabe se escuta o presidente ou o ministro da Saúde – Mandetta defendo um isolamento social amplo; Bolsonaro discorda e quer a retomada da atividade econômica.
As articulações de bastidores eram para que Mandetta não saísse agora, mas apenas depois que o trabalho de combate ao coronavírus já estivesse bem encaminhado.
O presidente Jair Bolsonaro, do seu lado, preferia antecipar todo o processo de saída do ministro da Saúde, mas gostaria que ele pedisse demissão, algo que Mandetta tem dito que não fará.
Nesta quarta-feira (15), com o anúncio do pedido de demissão de Wanderson de Oliveira, que Mandetta tenta segurar pelo menos até que saia também, a avaliação dentro do Palácio do Planalto é que a troca de guarda no Ministério da Saúde pode ser precipitada.
A ala moderada defende um nome técnico, que mantenha a política de isolamento social, mas que comece a trabalhar com medidas futuras para a flexibilização do distanciamento social.
O nome preferido é o do secretário-executivo, João Gabbardo, defensor da estratégia atual e homem de confiança de Mandetta, mas que tem bom relacionamento com o ex-ministro Osmar Terra, com quem já trabalhou e que é próximo do presidente.

‘Piorou muito o clima entre o Ministério da Saúde e o Palácio do Planalto’, diz Valdo Cruz (Foto: G1/GloboNews)

A ala ideológica do governo, por outro lado, trabalha para a indicação de um nome que já comece a adotar uma estratégia de saída da política de isolamento social. É a posição que agrada mais ao presidente. Mas Bolsonaro está sendo aconselhado por sua equipe mais próxima a não tomar esse caminho, devido ao risco de descontrole da epidemia de coronavírus.

Moral da história — Quer saber se uma pessoa é sincera e honesta, dê-lhe um posto de comando!

É Isso Aí

Jorge Rodrigues Pacheco

Jorge Rodrigues Pacheco

Analista política Advogado, Jornalista e Radialista

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