Diretor do Sindirodoviários fala das lutas da categoria
De acordo com ele, a categoria está totalmente desprestigiada e sofre com a falta de investimentos e, até mesmo, uma certa precariedade nas condições de trabalho
Cleber Serrinha, atualmente diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Espírito Santo (Sindirodoviários), aliado na luta por direitos adquiridos pelos dos trabalhadores do segmento, concedeu entrevista ao Fatos & Notícias para falar da sua luta junto ao Sindicato e de suas pretensões políticas.
De acordo com ele, a categoria está totalmente desprestigiada e sofre com a falta de investimentos e, até mesmo, uma certa precariedade nas condições de trabalho. Salários atrasados, insegurança constante fazem parte da rotina de quem trabalha no setor.
“O que temos hoje é um governo que apoia mais patrões e menos os empregados. Os trabalhadores da área como motoristas, cobradores, fiscais e conferentes, passam no momento por certas dificuldades. A carga horária é desgastante para os motoristas. O risco de insegurança também é enorme. O sindicato vem apoiando esses profissionais. Há seis dias os funcionários da Viação Tabuazeiro estão com suas atividades paralisadas porque salários, ticket alimentação, plano de saúde e adiantamento de salário estão atrasados e a Viação Metropolitana, que deveria ter depositado o adiantamento no dia 20, não o fez”.
Segundo Cleber, as empresas apresentam como justificativas dificuldades financeiras para honrar os compromissos com os funcionários.
“Elas estão alegando que não têm dinheiro para arcar com as dívidas, mas precisamos encontrar uma solução para o problema. O prefeito de Vitória, Luciano Rezende, tem que se manifestar porque ele é o responsável pelo transporte de uma das empresas, que é municipal. As duas viações totalizam mais de 1200 trabalhadores que precisam pagar suas contas”, critica.
Outro ponto bastante reclamado pelos motoristas é o trânsito caótico e estressante que precisam enfrentar diariamente. “O trânsito da Grande Vitória é desgastante, os profissionais trabalham sob tensão a todo instante e isso causa muitos distúrbios, o dia do rodoviário é estressante”.
Alguns candidatos a prefeito são verdadeiros aventureiros. Tem candidato que mora na Praia do Canto e mudou de domicílio para concorrer ao pleito de outubro, nunca teve vínculo com o município e agora se faz candidato, achando que a população serrana é trouxa, só que a população está de olhos bem abertos. O serrano vai saber separar o joio do trigo na hora do voto
Para Cleber, uma saída para todos (categoria e população) seria uma modernização do sistema viário que favoreça a qualidade do serviço prestado. “Seria muito bom para a população se fossem implantadas outras alternativas. A categoria sonha em ter um corredor exclusivo… temos um sistema viário atrasado. Todos os secretários que entram não têm visão, são políticos e não conhecedores do assunto. O transporte coletivo deveria ser municipalizado e os prefeitos quem decidiriam a forma mais adequada para o seu município”, propõe. Acrescentando que “a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES) é um órgão meramente arrecadador, é só uma forma de tirar dinheiro dos empresários. Quem faz todo o serviço são as empresas e 5% da arrecadação são repassados para a Ceturb, imagina o quanto que o governo ganha com esse ‘sistema’?”, indaga.
Ao relatar as mazelas que a categoria é exposta diariamente, Cleber tem em mente um plano para tentar mudar essa realidade. E, para isso, só há uma forma, tentar uma vaga na vida pública, ou seja, concorrer a uma cadeira na Câmara de Vereadores da Serra.
“Falando sobre política, sou pré-candidato a vereador pelo PDT. Me identifiquei logo que visitei a diretoria, vi sinceridade. Tem à frente, Sérgio Vidigal, uma pessoa que conheço bem e que, quando esteve à frente da prefeitura, fez a cidade desenvolver, progredir”, explica.
Cleber aproveita para fazer uma análise sobre a política na atualidade, onde a polarização tem tomado conta e muita discussão sem sentido tem ocupado o espaço de debates realmente relevantes para a sociedade e a Serra é um típico exemplo disso.
“Fico triste com a atual legislatura, são muitas polêmicas entre os poderes Legislativo e Executivo, esses poderes devem estar coesos, porém independentes para, em conjunto, trabalharem em prol da população serrana. Sou envolvido na política há anos, na eleição de 2016 obtive 1427 votos, mas não consegui me eleger, mas agora, creio que será diferente”, disse confiante.
“Segundo Cleber Serrinha, alguns candidatos a prefeito são verdadeiros aventureiros. Tem candidato que mora na Praia do Canto e mudou de domicílio para concorrer ao pleito de outubro, nunca teve vínculo com o município e agora se faz candidato, achando que a população serrana é trouxa, só que a população está de olhos bem abertos. O serrano vai saber separar o joio do trigo na hora do voto”, acredita.
Sobre suas pretensões, caso seja eleito, Cleber disse que pretende trabalhar bastante na área dele, que é o transporte viário, sem deixar de trabalhar em prol de áreas essenciais como educação, saúde e segurança, é claro. “Vou estar presente nas comunidades carentes. Conheço bem as necessidades das pessoas que moram nessas áreas”.
Natural da Bahia e de origem humilde, Cleber chegou ao Espírito Santo ainda criança. Sua família passou por muitas dificuldades e, por isso, ele tem essa vontade de realizar coisas grandes em favor dos menos favorecidos. “Tinha nove anos de idade quando cheguei da Bahia, dormi muitas noite na rua, lavei carro para ajudar a minha família a se manter, as coisas não são fáceis para o pobre, são difíceis. Vivi isso e sei muito bem como é, sou prova viva dessa realidade”.
“Na educação, vou lutar pelo modelo de tempo integral. Hoje os pais saem para trabalhar e não têm onde ou com quem deixar seus filhos. Vejo que essa forma de educação é uma tendência, vai ajudar muito os pais e as crianças que, além da grade curricular, poderão desenvolver outras atividades no esporte, na cultura, na culinária, no contraturno, acho muito interessante”.
“Quanto à saúde, vejo que falta sinceridade do Executivo. Acontece, quando a gente chega numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA), levamos uma eternidade para ser atendido. A saúde precisa trabalhar a prevenção, um plano para atender na casa do cidadão, isso acabaria com as enormes filas que vemos nos hospitais todos os dias, é uma vergonha”, finaliza.