De dois em dois anos, promessas e mais promessas…
Muito embora não dê para ter certeza de que o candidato mais preparado cumprirá suas promessas, mesmo que viáveis, é possível reconhecer e descartar o político falastrão e despreparado
As aparições de pré-candidatos se tornaram constantes nas redes sociais nas últimas semanas e, observando bem essas ferramentas de comunicação e publicidade, notei que as promessas sem pé e sem cabeça continuam, como nas eleições anteriores.
Os mais experientes no mundo político e com vasto conhecimento em campanha eleitoral e que já mostraram que, quando eleitos, hibernam, ou melhor, mergulham por três longos anos, acordam e dão a cara somente em vésperas de eleição, não perdem a oportunidade de aparecer em programas de televisão e rádio e, agora, é claro, nas redes sociais como verdadeiros doutores em doenças sociais crônicas que persistem por décadas em nosso País e, óbvio, prometendo o céu e a terra.
Para muitos deles, que ainda não tiveram a oportunidade de experimentar o delicioso gosto dessa “sopinha”, as redes sociais caíram como luvas, pois além de ser uma propaganda barata e atingir um universo muito maior de pessoas — muito diferente de santinhos e panfletos — estão usando a criatividade e a emoção para conquistar o eleitorado. Esses aparecem em imagens com máquinas de pavimentação e outros equipamentos da administração pública ao fundo, dizendo o que pretendem fazer e finalizam o post agradecendo ao padrinho que pode ser o prefeito, um senador, um deputado ou um vereador da base política.
Acredito que uma das ferramentas mais importantes nesse modelo de campanha eleitoreira está na figura do presidente de comunidade. Sua função, que significa muito mais que ser mero representante de algum partidário e que deve manter a imparcialidade, se torna uma assessoria de vereadores e prefeito. Se não ler na cartilha do gestor, acaba sofrendo sanções da administração como demora no recolhimento de lixo em pontos viciados, obras de pavimentação postergadas e investimentos importantes e essenciais podem demorar meses e, muitas vezes, nunca chegar, comprometendo, assim, seu mandato como líder. Maior exemplo do que estou dizendo é a reforma de uma escadaria em uma comunidade da periferia do município da Serra, onde a licitação e a verba para a obra estavam liberadas, mas a prefeitura não sinalizava o início. Cansados de esperar, os moradores fizeram o serviço com um décimo do valor licitado… Isso é Brasil!!!
Legitimidade no processo eleitoral
Não há regulamentação principiológica do conteúdo da propaganda eleitoral. A Lei de Eleição nº 9.504/97, ao se referir a tal instituto apenas de maneira objetiva, aborda vedações que desvirtuam a igualdade do processo eleitoral, distribui o tempo de propaganda, aponta como esta deve ser veiculada na imprensa escrita, na televisão, no rádio e nas redes sociais. Estabelece também, com sentimentos de confiança e moral, um contrato informal entre o candidato e o povo.
Por isso, é muito importante saber o que o candidato pensa, o eleitor deve conhecer a carreira dele, assim como sua atuação profissional, seu histórico de vida, sua postura ética e sua conduta diante da sociedade. Se o discurso do candidato não condiz com sua atuação em outros momentos da vida, isso é um indício de que ele pode estar mentindo. Analisar suas propostas, o partido ao qual está filiado e quem são seus correligionários. Além disso, é preciso ver se suas promessas são viáveis e compatíveis com o cargo que ele pretende ocupar. Promessas genéricas do tipo “vou criar milhares de empregos” são muito fáceis de fazer e obviamente são inviáveis de cumprir.
Muito embora não dê para ter certeza de que o candidato mais preparado cumprirá suas promessas, mesmo que viáveis, é possível reconhecer e descartar o político falastrão e despreparado. Fica a dica!