Saúde

Falta de testes em mulheres leva a erros na indicação de medicamentos

Pesquisa desenvolvida por norte-americanos mostra que, mesmo apresentando mais efeitos colaterais, mulheres são medicadas com mesmas dosagens que homens

A falta de ensaios clínicos baseados em mulheres é um dos principais motivos que causam a prescrição errada de medicamentos, segundo uma nova pesquisa da UC Berkeley e da Universidade de Chicago, ambas nos Estados Unidos. Um artigo sobre o assunto foi publicado em junho no Biology of Sex Differences.
A equipe avaliou diversas publicações anteriores sobre medicamentos aprovados pelo departamento de saúde norte-americano, o Federal Drug Administration (FDA). O intuito era avaliar se a dosagem de cada droga varia de acordo com o sexo do paciente e se a substância foi testada em uma quantidade considerável de homens e mulheres para justificar ou não essa variação.
Segundo os pesquisadores, ao menos 86 remédios, incluindo antidepressivos, drogas cardiovasculares, anticonvulsivantes e analgésicos, não indicam qual a dosagem recomendada para cada sexo. “Quando se trata de prescrever medicamentos, uma abordagem de tamanho único, baseada em ensaios clínicos dominados por homens, não está funcionando, e as mulheres estão sofrendo com isso”, disse Irving Zucker, principal autor do artigo, em comunicado.
De acordo com os especialistas, na grande maioria dos estudos homens e mulheres receberam a mesma dosagem da droga que estava sendo testada — mesmo quando a concentração da substância no sangue delas era maior. Além disso, em mais de 90% dos casos as mulheres tiveram efeitos colaterais piores, como náuseas, dores de cabeça, depressão, déficits cognitivos, convulsões, alucinações, agitação e anomalias cardíacas. No geral, elas apresentaram duas vezes mais efeitos colaterais que os homens.
Zucker ressalta que, embora preocupante, a falta de pesquisas com mulheres é um problema histórico que interfere não apenas na medicina, mas em todas as áreas da biologia. “A negligência com as mulheres é generalizada, mesmo em estudos com células e animais, onde os indivíduos são predominantemente masculinos”, observou o especialista.

Fonte: Revista Galileu

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