Mulan: conheça a verdadeira (e trágica) lenda da guerreira chinesa
Como muitas histórias que inspiram contos de fadas, a vida da verdadeira Mulan não foi marcada por um final feliz. Entenda o que diz a lenda milenar da China
Enquanto lavava roupa, uma jovem chinesa fica sabendo que o exército está recrutando soldados. Por ser filha única, a moça se preocupa que seu pai, já idoso e com a saúde debilitada, tenha que ir para a guerra. Por isso, decide combater escondida de sua família — e fingindo ser um homem.
Essa é a história da guerreira Mulan, contada na versão animada de 1998 da Disney e no live action de 2020, lançado no último dia 4 de setembro no Disney+, plataforma de streaming da gigante de entretenimento. Mas o que muitas pessoas podem não saber é que a personagem existe desde muito antes das produções da companhia norte-americana. A lenda sobre essa história remonta há séculos na China.
Segundo o portal Ancient Origins, as origens de Hua Mulan — cujo nome significa “flor” (Huā) e “magnólia” (Mùlán) — não são exatas. O que se sabe é que sua história faz parte do imaginário chinês desde os séculos 4 d.C ou 5 d.C, quando uma música chamada A Balada de Mulan (The Ballad of Mulan) surgiu durante a Dinastia Wei do Norte (386 d.C – 557 d.C). A primeira transcrição da música seria do século 6, mas o documento original não existe mais.
A história de Mulan foi contada em poemas, músicas e até em peças de teatro ao longo dos anos na China. No século 17, um importante romance publicado por Chu Renhuo se baseou na balada e, assim, a lenda da guerreira chinesa permaneceu viva por muito tempo na cultura local.
Fim trágico
Mas, ao contrário do que mostram as versões da Disney, o fim da história de Mulan não é tão feliz como o dos contos de fadas. De acordo com o Ancient Origins, a lenda diz que a jovem lutou entre 10 e 12 anos na guerra e foi reconhecida com alto mérito por suas conquistas. Ela inclusive chegou a ser promovida a general.
Durante o conflito, Mulan se apaixonou por um oficial, Jin Yong. Ao descobrir que era uma mulher, ele se sentiu atraído por ela e, segundo diversas versões da história, eles planejavam se casar.
Após triunfar nos combates, o imperador queria condecorar a jovem, mas tudo o que ela pediu foi um cavalo para poder voltar para casa. Ao se reencontrar com sua família, porém, ela descobriu que seu pai havia morrido. Em vez de se sentir uma heroína, ela se abalou muito por tê-lo perdido.
Na versão da Disney, Mulan retorna para casa, reencontra seus pais e ainda tem a oportunidade de se relacionar com seu amor fora da guerra. Na “vida real”, contudo, os relatos dizem que ela continuou a ser perseguida pelas memórias traumáticas dos combates. Sentindo-se sozinha e incompreendida, decidiu tirar a própria vida.
Legenda foto de capa: Mulan, interpretada pela atriz Liu Yifei no live-action da Disney
Fonte: Revista Galileu