Política

As mulheres e as políticas públicas

Por mais mulheres em todas as áreas da sociedade

No Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) 2019, o número de mulheres é superior ao de homens. Sendo a população brasileira composta por 48,2% de homens e 51,8% de mulheres. No entanto, essa superioridade numérica, não significa igualdade de gêneros.
Culturalmente, o pensamento machista no nosso País é inerente aos diversos aspectos da nossa sociedade, seja na economia, na política, na religião, na família, na mídia, nas artes e em tantos outros segmentos.
Apesar de ser maioria nos bancos das faculdades, terem maior grau de escolaridade e serem mais sensíveis às causas sociais, na política elas ainda não têm a representatividade devida o que, felizmente, vem mudando a cada eleição, com números cada vez maiores de candidatas.
Na última sexta-feira (18), a coluna Olhar de uma Lente ouviu mulheres que mergulharam de cabeça na política para tentar mudar coisas e causas que, para elas, são injustas.
Segundo Keila de Arruda Lírio Silva, há uma necessidade muito grande de empatia na política e que, apesar da desigualdade existente em números, elas podem, sim, fazer a diferença, podem inovar e fazer melhorias para o desenvolvimento e crescimento do município, do Estado e do País. “O nosso município está carente, está na UTI, em todos os aspectos. Podemos pegar como exemplo o esporte, através dele a gente pode ter um turismo com qualidade, fazer de nossos jovens pessoas mais determinadas, focadas e disciplinadas. Existem três tipos de ciclistas, os esportistas, o que pedala por prazer e o trabalhador, que utiliza a bicicleta como veículo de transporte. Precisamos investir nas nossas ciclovias”, analisa.

Crianças praticando esporte (Foto: elase.com.br)

Para Nice Lopes Garcia, formada em gestão pública e ex-líder comunitária da comunidade Jardim Bela Vista, muitas pessoas vivem à margem da sociedade devido à falta de políticas públicas que abracem a sociedade como um todo. “Nossos jovens estão ociosos, sem ocupação e com dificuldade de se inserir no mercado de trabalho. O município tem a obrigação de oferecer espaços para a criação de cursos de capacitação e, na educação, dar ênfase nas escolas de tempo integral. Nós, mulheres, temos um coração mais humano do que os homens, temos mais sensibilidade de olhar o próximo e sentir suas dores. Precisamos conquistar o respeito e o espaço devido na política”, afirma.
Rafaela Galileu Serri Costa, delegada da Federação das Associações de Moradores da Serra (Fams) e diretora da comunidade de Bicanga, se diz preocupada com um tema recorrente em todas as classes sociais: a violência doméstica. “A importância da mulher na política merece destaque pela sua sensibilidade. Temos um olhar social mais igualitário, estamos sempre acolhendo o próximo. Precisamos de mudanças nas leis de combate à violência contra a mulher e na violência doméstica. Nesse sentido, o município tem o dever de construir equipamentos preparados para acolher essas pessoas que sofrem essa violência e investir em projetos que previna esses fatos. Não podemos simplesmente remediar, temos que investir na educação (cursos, oficinas de artes). Precisamos gerar sonhos, ele impulsiona à coragem, só assim evitaremos essas atrocidades. Estou na política porque sonhei, impulsionei e idealizei algo, aproveito o momento para dizer que estou apenas começando essa jornada”, diz.

Agricultor (Foto: Portal DBO)

Rita de Cássia da Silva, formada em pedagogia, disse ter entrado na política para defender um futuro das nossa crianças. “Trabalhei em alguns centros de educação infantil do município e pude observar a angústia das famílias nessa área e também na saúde. Algumas famílias tinham e continuam tendo dificuldades em conseguir um neuropediatra para atendimento de suas crianças. São muitas crianças com déficit de atenção, com necessidades especiais e, muitas vezes, essas famílias levam anos para conseguir uma consulta com esse profissional. Por esse motivo, estou na política para tentar mudar essa realidade. Defendo a sociedade como um todo”, pontua.
Para a pedagoga Creuza Costa, formada pela Universidade Federal do ES (Ufes), o seu grande desafio é defender políticas na agricultura, na educação, no esporte e na saúde. “O produtor rural, quando dá entrada num processo, é desestimulado pela burocracia. Precisamos de mais técnicos na administração pública. Defender a agricultura significa defender o alimento da sua mesa. Sou do interior e sempre estive à frente de projetos para produtores rurais. Em alguns municípios, menores até que a Serra, já existem associação conjunta que exporta e, aqui, a gente não vê isso. A saúde precisa de mais tecnologia, estamos muito atrasados nesse quesito. A Serra precisa de um novo plano, um novo projeto que leve qualidade de vida à população”, cobra.

Educação inclusiva (Foto: atividadeparaeducacao.com)

A reportagem entrevistou também Vânia Parreira, da comunidade de Divinópolis; Adenilde Aguilar (A Mulher-Maravilha), comerciante de Central Carapina e moradora de São Diogo; Elaine dos Santos (Elaine da Saúde), formada em administração e pós-graduada em Saúde Pública, da comunidade de Maringá; Rita Pimentel, da comunidade de Valparaíso; Nanci Ibanêz, da comunidade Parque Residencial Laranjeiras; Carol Feitosa, gestora em tecnologia Ambiental, da comunidade de Serra Dourada e Mara Reis, da comunidade de Carapina Grande.
Apesar de não ter publicado os propósitos e as opiniões de todas as entrevistadas, ficou claro e muito nítido que a mulher, na sua essência, deveria servir de exemplo para homens que se colocam acima da lei por arrogância, soberba e vasta mediocridade.

A grande tela que retrata as injustiças sociais vividas por essas aguerridas mulheres só as fazem mais fortes, mais robustas e mais conscientes de seus propósitos a ponto de romper os obstáculos e preconceitos mais sombrios dessa caminhada, que terá como triunfo o reconhecimento de seus ideais. Por mais mulheres em todas as áreas da sociedade. Exemplos de que elas sabem o que fazem não faltam como são a primeira-ministra neozelandesa Jacinda Ardern; a chanceler alemã, Angela Merkel; Sophie Wilmès, primeira-ministra da Bélgica; Sanna Marin, primeira-ministra da Finlândia; a primeira-ministra islandesa Katrín Jakobsdóttir e Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca. Todas líderes de nações desenvolvidas e que mostraram competência no controle da pandemia de Covid-19.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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