Saúde

Doenças com alta prevalência no Brasil, mas que pouca gente conhece

Todas graves e com tratamento, algumas dessas doenças podem ser curadas — desde que sejam identificadas

Na epidemiologia, prevalência é a medida da quantidade de indivíduos que contraem uma doença em determinado período de tempo. É um indicador complementar à incidência, que mede a quantidade de novos casos em um período de tempo. Os dois indicadores não necessariamente se acompanham: existem doenças de alta prevalência e baixa incidência (doenças crônicas como a diabetes, que afetam poucas pessoas, mas por muito tempo) e de alta incidência e baixa prevalência (o resfriado comum).
Doenças comuns, com tratamentos conhecidos, podem apresentar altas taxas de incidência e prevalência. Isso acontece principalmente em locais e comunidades pobres, onde as condições de saneamento e o acesso à saúde são precários. São doenças como a hanseníase, causada por uma bactéria que causa lesões na pele e nos nervos. Ou as geo-helmintíases — os parasitas intestinais. Ambas têm cura, mas ainda afetam populações carentes.
Desde sua criação em 2003, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde tem buscado combater as doenças transmissíveis com potencial epidêmico — que apresentam alta incidência e alta prevalência em determinadas regiões. Selecionamos cinco doenças de alta prevalência no Brasil, mas que pouca gente conhece.

Glaucoma
O glaucoma atinge mais de 150 mil brasileiros por ano. É uma doença ocular que afeta as células da retina, levando à perda de visão gradativa e à cegueira. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a segunda maior causa da perda de visão no mundo, atrás apenas da catarata. O glaucoma não tem cura, mas o diagnóstico precoce e o tratamento podem retardar seus efeitos. Apesar de preocupante, ainda é uma doença pouco conhecida no Brasil: uma pesquisa com 2,7 mil internautas feita por uma indústria farmacêutica apontou que 41% não sabem o que é glaucoma e 53% desconhecem que ela causa cegueira irreversível.

Doença falciforme
Considerada a condição hereditária mais comum no Brasil, a doença falciforme atinge sete milhões de brasileiros, com 3,5 mil casos novos a cada ano, segundo o Ministério da Saúde. Trata-se de um distúrbio que faz com que os glóbulos vermelhos — responsáveis por transportar oxigênio no sangue — fiquem deformados e se rompam. Isso causa anemia, fadiga, dores, infecções, alterações nas funções de órgãos e pode levar à morte precoce. A doença não tem cura, mas existem tratamentos que ajudam a lidar com os sintomas dela.

Febre maculosa
A febre maculosa é uma doença bacteriana transmitida pela picada de carrapatos. Atinge cerca de 15 mil pessoas por ano no Brasil. É muito comum em áreas de Mata Atlântica nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, mas tem incidência em todas as regiões. A febre maculosa costuma acometer pessoas que têm exposição aos carrapatos pelo contato com animais domésticos ou silvestres ou que frequentam ambiente de mata, rio ou cachoeira. O período de maior incidência é outubro, quando há maior densidade de larvas. Além dos sintomas da febre, pode provocar erupções na pele na área da picada. É tratada com antibiótico, mas também é uma doença crítica, que pode matar.

Tracoma
O tracoma é a principal causa evitável de cegueira no mundo. Trata-se de um tipo de conjuntivite — uma inflamação ocular — causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. É uma doença associada a condições precárias de saneamento e higiene. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a doença é responsável por danos na visão de 1,9 milhão de pessoas, das quais 450 mil apresentam cegueira irreversível. É contagiosa por contato físico e é suscetível à reinfecção. É curável, e o tratamento é gratuito no Sistema Único de Saúde (SUS) mediante prescrição médica.

Esquistossomose
Segundo o Boletim Epidemiológico Especial de setembro de 2019 da SVS, “a esquistossomose ainda é um importante problema de saúde pública no Brasil”. Ainda de acordo com o documento, em 2015, aproximadamente 1,5 milhão de pessoas poderiam estar contaminadas com a doença no Brasil. Trata-se de uma infecção parasitária provocada por vermes de água doce. O mais comum é que ela seja transmitida por caramujos aquáticos. Inicialmente, é assintomática, mas o quadro pode evoluir para febre, dor de cabeça, diarreia na fase aguda, tonturas, palpitações, impotência, emagrecimento e inflamação no fígado e no baço. Se não tratada, pode levar à morte. Por causa da perda de peso e do inchaço nos órgãos internos, a esquistossomose é popularmente conhecida como “barriga d’água”. Os casos simples têm tratamento com medicação, já os graves podem necessitar internação e intervenção cirúrgica.

Fonte: Revista Galileu

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