Criação consciente

Texto: *Nágela Isa Carneiro Sirqueira
Quando eu era criança, me imaginava na TV! Queria ser cantora, bailarina. Já quis ser artista de circo, ter uma banda, fazer teatro! Desejos que nunca morreram. O custo para acessar os recursos e desenvolver essas habilidades era alto para a realidade da minha família, na época. Além de estar fora do contexto e conjunto de crenças familiares, não sendo prioridade — o que acho que influenciou mais do que a grana…
Acontece que muitas vezes eu ouvia ‘isso não dá futuro’, ‘isso não dá dinheiro’, ‘isso não é profissão’… e sabe o que aconteceu? Meus sonhos foram adormecendo e sucumbindo diante de uma realidade que me era apresentada. Reflexo da reprodução de determinadas crenças e valores, que podemos observar ao nosso redor.
Não era culpa dos meus pais, pensarem como pensavam. O mundo também foi apresentado dessa forma para eles, aprenderam que isso era o correto e dentro disso, eles estavam fazendo o que era certo para eles.
Mas quantos Van Goghs, Da Vincis, Oscar Schimidts, Ana Botafogos, estão sendo aprisionados por aí, devido a repetição desses padrões?
É preciso sair da caixa! Se libertar de velhas crenças que já não cabem mais. Aliás, nunca deveriam ter existido!
Como pais, mentores, instrutores, avós, tios ou amigos, precisamos mudar o código! Quais valores e crenças iremos transmitir ao desvalorizar os sonhos, impedir o desenvolvimento das habilidades e construir muros?
Precisamos ser pontes! Incentivar, estimular as aptidões, fornecer meios para que as crianças tenham autonomia e se capacitem dentro do seu tempo. Sabe o que acontece? Os interesses podem mudar. E tudo bem também! Faz parte do processo. É o momento de descobrir, explorar, se conhecer. A criança precisa ser livre, para isso. O que vai ajudar a formar um adulto autoconfiante, empenhado e direcionado.

Não raro, vemos universitários escolhendo uma formação para ganhar dinheiro ou seguindo a projeção dos sonhos dos pais, se tornando adultos e profissionais infelizes. Porque seu verdadeiro sonho era outro!
Talvez ganhem muito dinheiro ou talvez nunca experimentem o sucesso financeiro. Vivendo cheios de conflitos e transtornos pessoais e profissionais. Simplesmente por não estarem fazendo da vida, o que realmente gostariam.
Disso podem vir a baixa autoestima, a falta de autoconfiança, medo de mudar, falta de empenho e motivação, sensação de incapacidade… E aí essa pessoa vai precisar de terapia, desconstruir esses muros que foram erguidos, para poder vislumbrar possibilidades que antes estavam fora da sua visão. Vai precisar se livrar das crenças que reproduziu, da carga familiar, da autoimagem limitante que criou de si mesmo. Para romper a barreira e se livrar da culpa. Mas muito melhor que remediar, é prevenir!
Quando o tempo passa e esses sonhos adormecem, uma parte da gente fica ali junto, contida. A vida vai tomando seu curso e talvez aquela paixão nunca seja recuperada, ou não ocupe o lugar que poderia em nossas vidas.
Assim foi comigo também. Levei 30 anos para entender que poderia ter sido o que eu quisesse! Tive que me redescobrir, reencontrar meu caminho e desenvolver habilidades já na fase adulta da vida, ainda sem entender bem o que queria ou que me satisfazia, num contexto distante do que poderia ter sido, se eu tivesse desenvolvido minhas aptidões desde nova. Fui conciliando minha atividade profissional com meus sonhos, e consegui reacendê-los em minha vida, o que me trouxe muita alegria e satisfação.
Então, entenda que, mesmo que você não tenha tido essa oportunidade ou recebido a motivação que precisava para desenvolver suas aspirações, você pode fazer isso por seus filhos e outras crianças. Incentive o interesse e habilidades pelo que os inspira. Ajude-os a construir pontes para seus sonhos. Quebre velhas crenças e seja um agente transformador dessas vidas!

Hipnoterapeuta
Mentora Gestacional
Cel.: (27) 99947-8786
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