Educação

“A educação não está bem, mas podemos melhorar”

Alessandra Silva Machado Marvila, formada em Ciências Biológicas, Mestre em Gestão Tecnológica Ambiental, pós-graduada pela Universidade Federal de Lavras/RJ e diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Paulo II, em Jardim Carapina, município da Serra, recebeu a equipe do Fatos & Notícias para falar um pouco da sua experiência à frente de uma unidade de ensino da periferia.
A diretora acha que a educação no País teve seus avanços e, nesse momento de pandemia, deu um salto muito grande no que diz respeito ao futuro. “Não podemos mais ver a educação dentro de quatro paredes, ou seja, somente dentro de uma sala de aula, ela vai muito além. Tanto no ensino particular como no ensino público, principalmente da esfera pública, esse avanço foi inevitável e ela chegou para ficar. A tecnologia ajuda a ampliar o conhecimento e esse conhecimento é a base para a formação do senso crítico do cidadão, observamos que as pessoas de hoje estão mais antenadas, mais conscientes política, econômica e socialmente falando e isso, é muito bom para a nossa sociedade”, explica.
Para ela, a educação molda e, com esse avanço tecnológico, as possibilidades de aumentar os conhecimentos são evidentes. No entanto, nada substitui a pessoa do professor em sala de aula e isso ficou claro com a pandemia.
“O professor não será substituído no futuro, acredito que isso seja impossível. A intervenção do ser humano, quanto professor, ajuda na criação de laços afetivos, sentimento necessário no processo ensino-aprendizagem do aluno. Quanto mais próximo do seu aluno, mais o aluno se interessa pela matéria e se aprofunda no assunto. O professor é e sempre será um recurso fundamental no processo educacional”, acredita.
Quanto à família, continua Alessandra, “o sistema educacional precisa colocá-la para dentro da escola e orientá-la a utilizar a tecnologia como ferramenta para o conhecimento. Fazer um direcionamento com ela e a criança. Existe essa dificuldade, é difícil conseguir esse acompanhamento da família porque nos dias de hoje tudo é muito corrido para os pais e mães que ficam fora o dia inteiro porque precisam trabalhar e isso prejudica no processo de ensino”.
Para a professora, o desnível entre as escolas particulares e as escolas públicas ainda é muito grande. “Estaria mentido se disser que não há, mas a causa desse desnível não é pela qualidade do corpo docente da rede pública, mesmo porque, os professores que trabalham na rede pública são os mesmos que prestam serviço na rede privada. Acredito que esse desnível seja provocado pelo poder econômico, grau de instrução dos pais e recursos materiais da rede privada que são melhores”, aponta.
Alessandra ainda falou que os valores estão se distanciando cada dia que passa. “O carinho, o respeito, a cumplicidade, o companheirismo e a solidariedade estão se perdendo na nossa sociedade. Gestos como pedir desculpas, agradecer, desejar um bom dia, são palavras que confortam a parte oposta. Oferecer lugar a uma grávida ou um idoso num coletivo, infelizmente, são gestos raros nos dias de hoje entre nossos jovens… Estão desaparecendo aos poucos e isso é muito ruim para o ser humano”, salienta.
Perguntada se é a favor do modelo cívico-militar nas escolas, Alessandra se disse a favor sim. “Trata-se de modelo que cria um certo ritmo disciplinar, os pais, ao matricularem seus filhos nessas escolas, saberão que ali vai haver regras, tanto para os filhos como para eles, que deverão ser cumpridas”, finaliza.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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