Educação

Aprendizagem preocupa, mas professores veem ano de forma positiva

Apesar de preocupados com o desenvolvimento dos alunos, pesquisa do Instituto Península aponta professores motivados para o ano letivo de 2021

Apesar do ano atípico, os professores conseguiram se adaptar à nova realidade do ensino remoto e passaram a valorizar ainda mais a importância da tecnologia na educação. No final de 2020, o Instituto Península divulgou a quarta etapa da pesquisa “Sentimentos e Percepção dos Professores Brasileiros nos Diferentes Estágios do Coronavírus no Brasil”.
Os dados mostram que a preocupação dos professores em relação ao cenário da educação para este ano recai sobre dois pontos principais: 60% dos respondentes dizem que os alunos não estão evoluindo no aprendizado e 91% acham que haverá um aumento da desigualdade educacional entre os alunos mais pobres.
Rita Vasconcelos, coordenadora de uma escola da rede municipal de ensino de Castelo do Piauí e docente de língua portuguesa na rede estadual de ensino, afirma que durante o ano os professores conseguiram se adaptar ao modelo de ensino remoto e, dentro dessa realidade, já entendiam melhor como lidar com aulas on-line, mas se preocupa com os próximos anos e, principalmente, com a falta de acesso à internet.
“A nossa dificuldade, o nosso desafio nessa questão continuará. Nesse momento em que se constata que tanto alunos quanto professores não estão inseridos no mundo digital, seja pela falta de ferramentas tecnológicas ou pela falta de orientação para o uso de ferramentas. Eu acredito que os prejuízos na aprendizagem serão imensos, pois não se fez muito para ofertar esse ensino com o auxílio de tecnologia”, comenta a professora.
Rita também se mostra preocupada com o desenvolvimento dos estudantes. “Muitos dos nossos alunos só estudam na escola porque não têm auxílio em casa e muitos entregam atividade em branco porque não têm quem os ajude”. A preocupação é recorrente, dos 62% dos professores respondentes que realizaram atividades avaliativas no período, apenas 26% avaliam que os alunos aprenderam o que era esperado para o ano letivo.
José Souza dos Santos, professor de língua portuguesa do ensino fundamental 2 da Escola Municipal Maria Dias Trindade, localizada em Paripiranga, na Bahia, também demonstra certa preocupação quando o assunto é tecnologia. “É muito cansativo, os professores foram obrigados a se adaptar ao momento, mas muitos ainda não se sentem seguros com a modalidade, principalmente quando falamos sobre o Nordeste, onde sabemos que a desigualdade é mais acentuada. As possibilidades de avanço às vezes são nocauteadas por essa realidade”.
Apesar das questões levantadas, a pesquisa do Instituto Península mostra ainda que 61% dos professores se sentem motivados para 2021. “O que esse momento tem nos ensinado é que o professor é um sujeito resiliente”, comenta José, que se sente confiante para o próximo ano letivo, “Acredito que a educação vai ter uma melhora justamente porque muitas falhas foram pontuadas em 2020. Precisamos de melhorias tanto em esferas práticas, como a questão da tecnologia, quanto em esferas emocionais. Percebemos que é preciso cuidar do professor porque é ele quem cuida do aluno”.

Fonte: Porvir

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