Semana de Arte Moderna de 1922 ganha ciclo de debates gratuitos

Encontros serão on-line — de março a dezembro — com a proposta de levar uma revisão crítica. A iniciativa é do Instituto Moreira Salles, MAC USP e Pinacoteca
A Semana de Arte Moderna é tema do ciclo de debates 1922: modernismos em debate, que acontece entre março e dezembro de modo on-line. Os encontros serão realizados uma vez ao mês e terão a participação de 41 convidados. A atividade é organizada em conjunto, de forma inédita, pelo Instituto Moreira Salles (IMS), pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP) e pela Pinacoteca de São Paulo, e se propõe a promover uma revisão crítica da Semana, contextualizando-a historicamente e examinando outras manifestações similares em diversas partes do País.
O programa inclui debates nas quatro áreas representadas no evento modernista: arquitetura, artes plásticas, música e literatura. Além disso, tratará de investigar os motivos históricos e culturais da ausência da fotografia e do cinema na Semana. Outros pontos de reflexão serão o interesse de modernistas pela cultura popular e os discursos nacionalistas que emergiram no período e tiveram desdobramentos políticos e ideológicos de espectro variado.
O primeiro encontro, Histórias da Semana: o que é preciso rever, aconteceu nesta segunda (29) e teve a participação das pesquisadoras Ana Paula Cavalcanti Simioni, Ivana Ferrante Rebello, Regina Teixeira de Barros, além do pesquisador Frederico Coelho e da historiadora e crítica de arte Aracy Amaral. O evento será transmitido gratuitamente pelos canais de YouTube e Facebook das três instituições.
Participam pesquisadores de diferentes estados, com o objetivo de comparar pontos de vistas, ampliar o conceito de modernismo e discutir as especificidades dos diversos movimentos que despontaram no Brasil entre os anos 1920 e 1940. Além de reunir especialistas em arte moderna, artistas contemporâneos também marcarão presença para discutir o teor ideológico presente na representação de corpos negros e indígenas nas obras do período.
Para Heloísa Espada, curadora do IMS, a Semana de 22 não representa tudo o que ocorreu em termos de modernismo no Brasil. “Queremos mostrar ao público que ela na verdade é um dos eventos, que é preciso perceber que muita coisa importante aconteceu fora do Sudeste”, destaca a curadora.
Segundo Fernanda Pitta, curadora da Pinacoteca, trata-se de pensar a Semana de maneira “menos paulistocêntrica e mais plural. Queremos ‘provincializar’ a semana e perceber o significado e alcance de outras manifestações do moderno no Brasil”. Ana Gonçalves Magalhães, diretora do MAC-USP, destaca que um dos objetivos dos encontros “é trazer para discussão pontos cegos: há coisas que deixamos de ver, e outras que não foram tratadas, e que são problemáticas para a Semana”, diz, citando como exemplo o que acontecia nas regiões Norte e Nordeste do País na época.
“Quando a Semana de 22 emerge, tínhamos acabado de sair do ciclo da borracha, que fez com que Manaus fosse quase uma cidade cosmopolita no século 20. Que cidade é aquela, quem são os atores ali? Há colegas que estão trabalhando sobre isso já há alguns anos, vamos ouvi-los”, pontua a diretora.
O seminário acontece no ano anterior ao do centenário da Semana de Arte Moderna justamente para nutrir as pesquisas das três instituições para 2022, quando todas farão eventos em torno da efeméride.
Fonte: Revista Educação