Cultura

Noite gelada

A noite era gélida
E solitária, uma
Chuva fria e fina
Molhava os antigos
Telhados das casas

Um vento úmido e
Cortante assoviava
Uma melodia triste,
Enquanto balançava
Os galhos molhados
Das árvores

De repente,
A temperatura que já
Era fria despencara,
Do nada um gato negro
Deu um pulo, desceu
Como um raio de um
Dos telhados e correu
Pela rua vazia em busca
De um abrigo, enquanto,
Uivos finos e distantes
Anunciavam o breu da
Noite escura e a solidão
Da longa madrugada

Enquanto isto, numa
Das sacadas, a mão
Trêmula que segurava
O cigarro abaixou o som
Da antiga vitrola que
Tocava Sinatra, ao tempo
Em que a outra buscou
Mais um copo de conhaque

Sem perceber, aquele
Homem solitário, sem rosto
E sem nome fechou a janela
Do quarto, desligou a luz do
“Abajur” e tomou mais um
Trago, num movimento veloz
E automatizado

Tudo isto num suspiro
Sentido e na vã tentativa
De esquentar o velho peito
Romântico e cansado, lúdico,
Incorrigível e apaixonado
(Direitos autorais reservados)

Mário Vieira

Mário Vieira

Capixaba, casado, autor e advogado

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