Pesquisa mostra que maioria dos professores deseja opinar sobre políticas educacionais
O relatório Vozes Docentes abordou cinco eixos: Participação dos Professores, Recuperação de Defasagem, Saúde Mental e Clima Escolar, Formação de Professores e Currículo
O que pensam os professores sobre participação na criação de políticas públicas educacionais ou sobre saúde mental e clima escolar? Visando um papel mais ativo dos professores, seria do interesse deles dar sua opinião a respeito de abordagens ou implementação de currículos?
A pesquisa Vozes Docentes, realizada pela Conectando Saberes, ouviu mais de oito mil professores da rede municipal de ensino de 90 municípios espalhados pelo Brasil e constatou que, dentre os respondentes, 39% afirmaram que poderiam dedicar 1h de trabalho não remunerado para participar das políticas públicas de seu município.
Essa participação é percebida pelos professores como uma forma de valorização. “Como estamos num cenário de restrição fiscal, temos poucos recursos. É uma oportunidade muito legal que as secretarias têm, através dessa participação, que não é custosa, de fazer com que os professores se sintam valorizados. Acho que a participação talvez seja a grande descoberta da pesquisa”, aponta Tomaz Vicente, cofundador da Catálise — Impacto Social a várias mãos, empresa que também atuou na elaboração da pesquisa.
A pesquisa apontou que 97% dos respondentes se considerariam valorizados se participassem da formulação de políticas públicas. Dentre os respondentes, 77% afirmaram que ajudariam a formular as políticas educacionais do seu município sem serem remunerados.
“Nós professores queremos ouvir e opinar. Estamos com essa disposição de colocar nossa opinião, sinalizando à gestão atual nossas ideias”, destacou a professora Daniele Pereira, coordenadora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Castro, no Paraná. Daniele participou tanto respondendo a pesquisa, quanto colaborando na disseminação dela em sua rede de ensino.
A coordenadora aponta que os professores são a figura mais importante no contato direto com os alunos e, portanto, possuem “reais condições” para opinar sobre diferentes situações.
Tomaz destaca que essa participação é importante justamente porque os professores, por estarem na sala de aula no dia a dia, são capazes de contribuir de maneira eficaz com ideias e sugestões efetivas. “Por que não deixar o professor decidir algumas questões que afetam diretamente eles, como a formação, por exemplo? Ou como avaliar os alunos?”, comenta.
Avaliação é o grande desafio
Entre os principais desafios encontrados na rotina profissional dos educadores, o relatório destacou que eles enfrentam dificuldades para avaliar os estudantes. Durante o ensino remoto, 42% dos respondentes destacaram que encontraram uma limitação na hora de avaliar os estudantes.
“A avaliação já é por si só ampla e muito difícil de realizar de uma forma correta, principalmente na pandemia. Temos desde o aluno que tem o celular e a internet, aos que não tem celular, que moram na zona rural e vivem uma realidade totalmente diferente”, aponta a professora Daniele.
O fato de não conseguirem ver os alunos é também um fator que dificulta a avaliação e atrapalha que o professor observe se o aluno está ou não compreendendo os conteúdos.
Segundo Tomaz, a dificuldade de avaliar a distância também contribui para ampliar a sensação do professor de que os estudantes tiveram prejuízos na sua aprendizagem. Essa percepção também é potencializada pela falta de acesso e pela desigualdade tecnológica.
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Fonte: Porvir